No mês de outubro tivemos as eleições municipais. No Rio de Janeiro em dois turnos. Cada um votou segundo a sua consciência e suas opções políticas e partidárias. A PUC como tal não tem preferências puramente políticas, nem menos ainda partidárias e, portanto, não orientou nem seus alunos, nem os seus professores, funcionários e antigos alunos, sobre em que partido ou candidato deveriam votar e respeita as suas escolhas. Porém, a PUC como universidade de inspiração cristã e católica e, em particular, confiada aos cuidados da Companhia de Jesus, dos jesuítas, espera que os que estão de algum modo com ela relacionados tenham votado depois de atento discernimento, à luz dos princípios e valores que a inspiram. Esse termo, “discernimento” é muito usado por Inácio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus, sobretudo no seu livrinho dos “Exercícios Espirituais”, quando se trata de tomar decisões importantes nas nossas vidas. Por isso esse termo adquire especial signifi cado na PUC-Rio confiada aos jesuítas, não simplesmente em relação às eleições, mas, em geral, em relação a todas as importantes decisões que devamos tomar.
Não se trata evidentemente de qualquer discernimento, mas de um discernimento realizado, não apenas em função das nossas necessidades aqui e agora, mas à luz e em função dos valores e princípios que a nossa fé supõe. Isto é, de uma fé que, além de fi delidade à verdade, exige, sobretudo, amor e de um amor cuja primeira exigência é a justiça, particularmente em relação com aqueles e aquelas que mais precisam desse amor e dessa justiça. Em todas as nossas importantes decisões, além de aspectos de âmbito puramente pessoal ou familiar, nunca deveríamos esquecer o impacto que elas possam ter, direta ou indiretamente, naqueles que, no nosso entorno, na nossa cidade ou no nosso país, mais precisam de amor e de ajuda.