Os estudantes João Victor Marcondes e Daniel Abdalla cultivam pelo menos mais um hábito em comum além das aulas de administração da PUC-Rio. Eles reforçam o time de aproximadamente 60 mil praticantes de squash no Brasil. Apesar de terem ingressado no esporte por motivos diferentes, os alunos de graduação e de mestrado, respectivamente, adotaram a rotina das raquetes não só por diversão ou em busca de medalhas, ou mesmo como ponte para uma vida mais saudável. Os jovens também fazem do squash uma terapia, uma fuga do estresse do dia a dia.
Aos 23 anos, João Victor atleta da 1ª classe, teve o primeiro contato com o esporte aos 7 anos. Costumava jogar tênis com seu pai, até que, por força de um dia chuvoso, refugiou-se numa quadra de squash. Logo encantou-se com a dinâmica do jogo. Desde então, treina constantemente, à exceção de dois anos nos quais a dedicação aos estudos e a "rotina corrida" o afastaram da raquete. Ele conta que, ao retomar recentemente os treinamentos, procura valorizar as, digamos, propriedades terapêuticas do squash:
– É uma fonte de lazer e equilíbrio. O squash nos ajuda a ter equilíbrio e a tomar decisões, pois é um esporte rápido. Contribui para a vida acadêmica e pessoal – destaca.
João Victor procura treinar todos os dias, mesmo com os afazeres universitários. Costuma jogar depois das aulas e nos fins de semana. De quebra, acrescenta o estudante, “o squash tem um network muito bom":
– Estou sempre em contato com pessoas que podem me acrescentar. Desta maneira, os jogadores acabam criando relacionamentos a longo prazo.
Para Rafael de Freitas, de 24 anos, também aluno de Administração da PUC-Rio, e primo de João Victor, o squash ajuda também na concentração, e a lidar com pressões (acadêmicas, profissionais, familiares). Ele acredita que a prática tenha desenvolvido “o espírito esportivo do João":
– O esporte o ajudou a ver o próximo não como um adversário, mas como um amigo.
Outro estudante que faz do squash um antídoto contra o estresse da rotina diária é Daniel Abdalla, de 24 anos. Atleta da 2ª classe, joga há pouco mais de três anos, quando rendeu-se à insistência do pai para experimentar a modalidade. Para Daniel, é um esporte de "fácil aprendizagem, ainda mais para quem já joga tênis", caso dele.
– Em pouco tempo, é possível se divertir e desfrutar dos benefícios que este esporte traz. Com o squash, consegui alcançar um condicionamento físico que nunca tive antes, o que me ajudou nos outros esportes que pratico (surfe, tênis, futebol). Há ainda os ganhos de bem-estar e saúde – completa.
Para Daniel, as competições também são importantes fontes de aprendizado:
– O aprendizado da competição é muito profundo, pois mexe diretamente com o emocional. Aprende-se a controlar melhor os sentimentos e pensamentos, o nervosismo, a ansiedade, a autoestima, a confiança (ou a falta dela), o raciocínio rápido, sob pressão.
Ele busca praticar todos os dias, porém intendifisa o treinamento quando pretende participar de algum torneio. Daniel ressalta que o squash também lhe premite construir relacionamentos que o "ajudam a evoluir no jogo, na vida profissional e, principalmente, como pessoa".
– O squash é uma grande ferramenta de integração – sintetiza.
Para a irmã, Gabriela Abdala, de 26 anos, atleta da 6ª classe, e formada em Direito pela PUC-Rio, o comportamento de Daniel "mudou muito depois que começou a praticar o squash". Segundo ela, o estudante passou "a levar a vida mais a sério", o que ajudou a melhorar o seu relacionamento familiar:
– Como treinamos juntos, criamos uma relação de companheirismo. Ele possui um conhecimento maior sobre o squash. Portanto, tenho que ouvir o que o Daniel me fala. Passamos a ouvir melhor um ao outro, independentemente da idade de cada um.
João Victor e Daniel participaram do campeonato Minerinho Carioca Squash Open, organizado pela Federação de Squash do Estado do Rio de Janeiro no fim do ano passado. Desde janeiro, preparam-se para a primeira etapa do Circuito Carioca de Squash, em abril.
Criado no século XIX, na Inglaterra, como uma adaptação do tênis, o squash veio para o Brasil em 1920. Estima-se que reúna, no mundo, de 15 a 20 milhões de praticantes regulares. No país, cerca de 60 mil jogadores encontram-se distribuídos por 19 estados. Incorporado já aos Jogos Pan-americanos, está na fila dos canditados a modalidade olímpica, em caminho semelhante ao percorrido por escalada, surfe, beisebol e skate.