“Identidade e papel social da Comunicação” foi o tema da Aula Inaugural do Departamento de Comunicação, ministrada pelo professor e pesquisador da Universidade Federal da Bahia (UFBA) Edson Dalmonte no dia 14 de abril. Em sua exposição, Dalmonte buscou promover questionamentos pautados pela atuação prática dos profissionais de comunicação para além do mundo acadêmico, e incentivou os presentes a pensar em ambos os lados de forma conjunta.
Como presidente da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação (Compós) e coordenador de Comunicação e Informação, o professor compartilhou sua experiência para refletir sobre o impacto da pesquisa no dia a dia da comunicação. Para ele, pensar a sociedade de forma propositiva e mostrar o motivo de profissionais de comunicação serem importantes é o grande desafio.
Edson Dalmonte ressaltou estar em um momento de retorno à vida acadêmica dentro da universidade, após cinco anos na função de coordenador. Para além de teorizar, o professor quis trazer outras perspectivas sobre os temas que discorreu, ao entender que esse processo de avaliação funciona como norte importante para apontar caminhos dentro da área.
— Pensando na ideia da identidade, o que nós fazemos enquanto campo científico? Qual é a natureza dos nossos trabalhos? Essa ideia do coletivo não vem dos nossos objetos de pesquisa, mas das nossas articulações dentro de um método que está em consolidação e expansão. A nossa questão está primordialmente nas relações, e não nos objetos - argumentou Edson Dalmonte.
Muito foi falado também sobre o papel do comunicador na atualidade, sobre a importância do jornalista no atual contexto brasileiro e do mundo que a humanidade vivencia todos os dias. Não apenas o jornalista, mas uma série de profissionais que surgiram nos últimos anos, como produtores de conteúdo, que compartilham da informação como matéria-prima. Dada a ausência da necessidade de diploma para o exercício do ofício de jornalista no Brasil, como Dalmonte lembrou, torna-se vital discutir o papel desse profissional.
— Nossa sociedade nunca precisou tanto da figura que lida com a informação e a qualifica. As democracias necessitam de comunicação qualificada, e quem dá conta disso é aquele com formação estabelecida, saberes constituídos e em evolução. Quando pensamos no fazer comunicacional de hoje, não podemos achar que é o mesmo de vinte anos atrás, precisamos de uma atuação mais ampla que saiba melhor lidar com dados e fontes.
O grande dilema, para o professor da UFBA, é apontar caminhos e direções propositivas futuras. A contribuição para a sociedade, a fim de que ela própria consiga se entender, é o papel fundamental das humanidades, e, para ele, a Comunicação não é exceção. A avaliação da CAPES, nesse sentido, é um horizonte que, a partir de um olhar para a produção dos programas de pós-graduação, ajuda a pensar e colocar em prática esses questionamentos.
— Precisamos ser propositivos, pensar soluções, e a produção técnica é um caminho para isto. Pensar dispositivos, aplicativos, narrativas específicas é algo que, até recentemente, tinha menos impacto. Quando vou falar na relação com a sociedade, é essa dinâmica que se abre como grande potência. E é preciso fazer aparecer nossas atividades juntas à sociedade, para além de formarmos novos pesquisadores que geram novas pesquisas - concluiu Dalmonte.