Admirado no meio jornalístico da atualidade e considerado um herói por divulgar o esquema de espionagem americano, Glenn Greenwald participou da 8ª Conferência Global de Jornalismo Investigativo. Ele foi bombardeado por perguntas de jornalistas, e contou desde a graduação em Direito, até como se envolveu no caso do ex-técnico da Agência de Segurança dos Estados Unidos (NSA), Edward Snowden. Hoje, Greenwald mora no Rio de Janeiro, sofre constantes ameaças e não pode voltar para o seu país.
Em dezembro de 2012, Snowden entrou em contato via e-mail com Greenwald disse ter documentos de interesse público. A partir daí, o jornalista americano começou a investigação que entrou para a história e criou um mal-estar generalizado com o governo dos Estados Unidos. Ele afirmou ter uma quantidade enorme de informação, mas faz as denúncias aos poucos, de forma cautelosa, para não colocar a vida de pessoas inocentes em risco.
– Você tem que fazer uma avaliação própria, analisar bem os documentos, pensar nas possíveis consequências baseado no que você sabe, e assim decidir o que e como devem ser liberadas as informações para a imprensa. De acordo com o profissional, o limite do jornalismo investigativo está exatamente na publicação de notícias que podem pôr vidas em perigo e que, apesar de receber intimidações do governo americano, não vai parar de fazer reportagens.
– O meu objetivo é fazer jornalismo e eu tenho o direito de fazer isso. Se eu paro porque o governo americano está me ameaçando, eu não devo mais ser um jornalista. Se você quiser ser um jornalista, você precisa passar por cima das ameaças e continuar sem medo dos poderosos.
Para Greenwald, os países precisam responder firmemente contra as espionagens dos Estados Unidos, condenar e investir em proteção. Mesmo que seja a maior potência militar e econômica do mundo, observou, é importante que os governos sejam mais enérgicos.
– Todas as regiões do mundo estão sujeitas à vigilância eletrônica dos EUA. O governo americano disse repetidamente que eles não fazem espionagem econômica. É preciso mostrar que eles fazem sim, o que eles dizem é falso e que eles não são confiáveis.
O jornalista disse que a repercussão do caso e suas consequências interferem muito na vida afetiva e familiar, mas que é normal estar sujeito a isso.
– Obviamente é muito estressante, há muita pressão, mas é da profissão.
Edição 275