Nada do que acontece nos é alheio
12/05/2011 18:00
Francisco Ivern, S.J.

Coluna da Associação de Antigos Alunos da PUC-Rio (AaA-PUC-Rio)

Como ex-alunos de uma Universidade de inspiração católica o sentido de responsabilidade social deveria ser uma das nossas características. Essa responsabilidade deveria se manifestar não apenas no modo como tratamos os nossos empregados ou colegas de trabalho, ou nos esforçamos para respeitar o meio ambiente e preservá-lo. Mas também no modo como reagimos diante de eventos que noticiam os meios de comunicação e que às vezes descartamos porque aparentemente nada têm a ver conosco. Que posso fazer, por exemplo, diante do massacre que ocorreu na escola de Realengo e que foi manchete nos jornais e na TV durante tantos dias?

Não somos responsáveis por aquilo que ocorreu. Podemos nos perguntar, porém, se com o nosso modo de falar ou de agir, ou no modo como tratamos as pessoas que entram em contato conosco, não contribuímos de algum modo para que fatos como aquele ocorram. Não podemos deixar de refletir sobre acontecimentos como esse: "refletir e tirar proveito", como aconselha Inácio de Loyola. Nada do que acontece ao nosso redor, no mundo e na nossa sociedade, nos é inteiramente alheio.

O jovem que cometeu aquela atrocidade era um misantropo, um desequilibrado. Isso nem sempre isenta aqueles que o trataram ou conviveram com ele de toda responsabilidade pelo que ocorreu. Ele mesmo confessa que na escola de Realengo que ele frequentou sofreu "bullying" e se sentiu ignorado e menosprezado pelos seus colegas. O afeto e o reconhecimento eram importantes para ele. O fato de querer ser enterrado ao lado da sua mãe adotiva demonstra isso. Sem atribuir-nos responsabilidades que não temos, é bom refletir sobre acontecimentos como esse e identificar as lições que eles podem nos transmitir.

Francisco Ivern, S.J.
Vice-Reitor da PUC-Rio

Edição 241

 

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