A nona arte à procura de maior reconhecimento
04/10/2013 11:33
Luísa Lacombe

Mercado continua em expansão, mas ainda não atende às expectativas de leitores e profissionais da área

Com um grupo de fãs tão fiel quanto os de Nicholas Sparks, as Histórias em Quadrinhos marcaram presença em mais uma edição da Bienal no Rio. Entre as opções das editoras estavam os super-heróis da Marvel e da DC Comics, os europeus Tim Tim e Corto Maltese, além do trabalhos autorais brasileiros.

Presente na Bienal Carioca desde 1996, a loja Comix precisou controlar a entrada em seu estande. Segundo o gerente comercial Ricardo Jorge Rodriguez, o movimento foi constante todos os dias.

– Nossa sede é em São Paulo, mas costumamos vir ao Rio três vezes ao ano, em eventos de Anime e Mangá – disse.

Pela primeira vez, o quadrinista Gustavo Duarte participou da Bienal e lançou seu mais recente trabalho, Pavor Espaciar, terceiro livro da linha de Graphic Novels da Turma da Mônica. Acostumado a frequentar eventos de Quadrinhos dentro e fora do Brasil, ele lamenta a falta de feiras do gênero no país.

– O normal é ir aos lançamentos de literatura. Se você é louco por quadrinhos, e for esperar um evento no Brasil, vai sofrer um pouco – comentou.

Para Rodriguez, mesmo o mercado tendo crescido bastante nos últimos anos, não existe um grande investimento.

– Para os próximos anos, poderia ser criado um setor específico para os quadrinhos, além de convidarem artistas internacionais, como o Jim Lee – sugeriu.

Demonstrador da editora e distribuidora paulista Devir, Lucas Fagundes, tem uma visão mais otimista da situação.

– O mercado tem crescido mais a cada ano, além de estar mais democrático. Já não se pensa que quadrinhos são coisa de criança – disse.

Entre os homenageados deste ano, estavam Ziraldo e Maurício de Sousa. O pai do Menino Maluquinho, presente desde a primeira edição, ganhou um espaço com atividades lúdicas chamado Planeta Ziraldo. A Turma da Mônica, por sua vez, podia ser encontrada nos estandes da editora Panini.

Para Duarte, a homenagem não é motivo para comemoração. – É totalmente pontual. Artistas bons, nós temos aos montes, mas nenhum conseguiu se bancar como eles. E isso é péssimo – comentou. Para o quadrinista, a questão é mais complexa, mas não se deve parar de investir na área.

– Não se pode obrigar as pessoas a lerem quadrinhos em um país que ninguém lê. Eu vivo de desenho há 16, 17 anos, quando eu conto para as pessoas o que eu faço, não consideram profissão. Mas não podemos abandonar, temos que continuar fazendo com que as coisas funcionem – afirmou.

Edição 274
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