Dom Orani: nova liderança da Igreja do Rio
16/03/2009 15:38
Carlos Heitor Monteiro / Foto: Arquivo da Arquidiocese de Belém

Dom Orani João Tempesta é o novo Arcebispo do Rio de Janeiro.

Dom Orani deixa a Arquidiocese de Belém para assumir a do Rio

 

Desde 27 de fevereiro, o Rio de Janeiro tem um novo arcebispo: Dom Orani João Tempesta. Após nove anos no comando, Dom Eusébio Oscar Scheid deixou sua função seguindo as normas do Direito Canônico, que determinam que arcebispos devem entregar o cargo ao completarem 75 anos de idade. “Dom Orani é um homem de profunda religiosidade. É um homem do povo, acostumado a pastoral de massas. Ele vai conduzir a melhor a Igreja, com novas forças e com mais alegria”, afirmou Dom Eusébio, em entrevista à imprensa carioca. Em uma das muitas metáforas musicais que utilizou, Dom Eusébio disse que se trata apenas de uma troca de maestro, que vai dar prosseguimento a todos os bons trabalhos.

 

Oficialmente, Dom Orani só assumirá como Arcebispo do Rio no dia 19 de abril. Ele deixa a Arquidiocese de Belém do Pará, que dirige desde 2004. Além disso, o novo Arcebispo tem experiência com o setor de comunicação social: ele é presidente da Comissão Episcopal para a Cultura, Educação e Comunicação Social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e membro do Conselho Superior da Rede Vida de Televisão, entre outras atividades. Para Dom Eusébio, essa vivência é fundamental: “No Rio de Janeiro, não dá para ser alguém que não seja de comunicação. A mídia é importante, não só pela informação como pela formação”, assinalou.

 

Nessa entrevista, Dom Orani João Tempesta delineia suas expectativas e propostas para a Arquidiocese do Rio de Janeiro.

 

JORNAL DA PUC – Em carta a Dom Eusébio, o senhor afirmou que aceita o cargo de Arcebispo do Rio de Janeiro com “temor e tremor”. Que temores mais o preocupam em sua nova atividade?

 

Dom Orani – Eu afirmei que aceitava o cargo com tremor e temor no sentido da importância do mesmo, seja pela relevância da cidade e da Arquidiocese do Rio de Janeiro, seja pela importância que ocupa no Brasil. Sei que muitas atividades que ocorrem no Rio poderão ajudar a Igreja e o país a caminharem por rumos mais justos e humanos, e isso é uma grande responsabilidade. É também pelo respeito que a vida e a história do Rio despertam naquele que vai ocupar a sede de tão santos e sábios arcebispos. 

JP – O senhor tem como lema episcopal a máxima “para que todos sejam um”. Em termos práticos, como esse lema irá se traduzir em sua gestão?

Dom Orani – Esse texto do Evangelho sempre me acompanhou. Quando fui ordenado presbítero, eu o escolhi como lema. Com a ordenação episcopal, quis continuar com ele, que me tem norteado a vida e também o meu trabalho. Acredito que um dos sinais mais importantes da vida cristã é a unidade, como pediu Jesus. Nesse sentido, trata-se da busca da unidade interna da Igreja, para que as nossas palavras sejam acompanhadas pelos gestos proféticos daqueles que se amam uns aos outros. É também a busca da unidade através do diálogo ecumênico, inter-religioso e com as culturas. A alma de uma cidade necessita de uma unidade na diversidade e no respeito mútuo, e os cristãos são chamados a serem sinais de que isso é possível.

JP – Em entrevista coletiva à imprensa carioca, Dom Eusébio constatou que um dos maiores problemas no Rio de Janeiro é a superficialidade da vivência da fé. O senhor concorda? Como irá lidar com essa questão?

Dom Orani –  Esse problema não é só do Rio de Janeiro, mas do tipo de evangelização que houve no Brasil, em que falta aprofundamento da fé e o despertar de uma convicção sincera  de quem ama Cristo e sua Igreja. O nosso trabalho de evangelização e catequese necessita ser capilar – não basta apenas um conhecimento teórico, ele deve ser principalmente uma experiência de fé profunda. Quem é realmente convicto saberá viver a sua vida cristã católica mesmo no meio das turbulências da vida e da sociedade. Essa questão indica a necessidade de uma cultura cristã, catequese profunda e acolhida alegre da boa notícia.

JP – O senhor é um homem diretamente ligado à comunicação social. Como o senhor acha que essa experiência pode ajudá-lo na condução da Arquidiocese do Rio?

Dom Orani – Acredito que a comunicação pode auxiliar a Igreja na missão evangelizadora e também no trabalho da construção de um mundo mais justo. Ela, porém, não substitui a presença e a participação entusiasta, e também não corrige a nossa falta de convicção. Ela amplia as alegrias de uma pessoa convicta que proclama a sua fé em Jesus Cristo como Senhor e encontra os caminhos de construção do Reino de Deus.

JP – O senhor também se tornou Grão-Chanceler da Pontifícia Universidade Católica do Rio. O senhor tem planos para a Universidade? Que mensagem o senhor deixa para a comunidade PUC? 

Dom Orani – A PUC tem gerado lideranças para o nosso país que, junto com o conhecimento e a pesquisa, levam também os valores humanos e cristãos. O apoio para uma presença ainda maior no campo da educação universitária e uma presença cultural de qualidade na sociedade fazem parte de uma universidade católica, além de formar nossas lideranças. Além das convicções e experiências de fé, essas lideranças sabem também discutir e aprofundar os assuntos e problemas hodiernos.

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