trabalha no setor de copidesque
Na década de 1950, houve também a implantação do modelo norte-americano de jornalismo em substituição ao europeu. Adotou-se uma nova maneira de redigir o texto jornalístico que se distanciou do estilo literário. A produção jornalística passou a ser orientada pela ideia da objetividade. Desde então, a regra é iniciar o texto jornalístico com as informações mais importantes, ou com o lide, no jargão da profissão. Na metade da década de 1950, os jornais brasileiros incorporaram a máquina de escrever, mas muitos jornalistas continuaram a escrever à mão. O desenvolvimento de novas tecnologias de comunicação e a mudança de técnicas jornalísticas, historicamente, não são bem recebidos pelos profissionais da área. A reclamação é contra o aumento da carga de trabalho devido ao acúmulo de tarefas. Por outro lado, o jornalista ganhou mais autonomia de decisão ao conciliar as etapas de produção e edição jornalísticas. Hoje o repórter, a figura mais conhecida e identificada com a profissão de jornalista, é responsável por desde a criação de pautas (roteiro e tema de uma reportagem) até a edição de vídeos sobre bastidores de notícias. Segundo o professor Alexandre Carauta, editor do Portal PUC-Rio Digital, o jornalista deve se capacitar para atender ao interesse público por informações contextualizadas e de relevância, ao mesmo tempo em que produz conteúdo para diversas plataformas de mídia.
– O conflito entre a velocidade de produção e a consistência do conteúdo não é um fato novo no jornalismo. A internet acelerou a produção por causa da circulação mais rápida de informações. Uma das competências exigidas do jornalista, segundo a perspectiva de escala industrial, é conciliar a consistência indispensável ao gabarito jornalístico com a velocidade necessária para o cumprimento de prazos – disse Carauta, professor do Departamento de Comunicação da PUC.
Em 2012, o jornalista tem de lidar com grande quantidade de informações e com a rápida circulação de notícias. Nesse cenário, o profissional trabalha para selecionar e explicar os fatos mais relevantes. Além disso, as novas ferramentas de comunicação, como as redes sociais e blogs, permitiram ao cidadão divulgar notícias com mais facilidade. Nos anos 2000, surgiu o jornalismo participativo, em que o público leitor ajuda o jornalista a noticiar problemas do dia a dia e demandas locais.
A visão romântica sobre o jornalismo, identificada com o idealismo e improviso, foi substituída pela imagem do profissional técnico que domina diversas tecnologias. Atualmente, jornalistas usam videofones, aparelho que capta imagens e sons e que permite a retransmissão de vídeos via satélite. No telejornalismo, o aprimoramento do sistema de transmissão de sinais tornou possíveis os telejornais em rede nacional no fim da década de 1960 e, a partir dos anos 2000, os canais de notícias 24 horas. O avanço das telecomunicações também permite ao jornalista, munido de um telefone celular, falar ao vivo na programação das rádios. Mas, na década de 1990, as novas tecnologias significaram o fim de alguns setores da redação jornalística, sobretudo com a substituição das máquinas de escrever por computadores. Por exemplo, foi extinto o setor do copidesque, responsável pela revisão dos textos, e a figura do pauteiro, encarregado elaborar pautas, ficou restrita a poucas redações. No mercado de trabalho, uma das grandes mudanças foi o aumento da proporção de mulheres nas redações, inclusive em cargos de chefia. Além disso, houve a profissionalização das assessorias de imprensa, hoje o setor que mais contrata jornalistas. Para o professor Leonel Aguiar, Coordenador de Graduação do curso de Comunicação Social da PUC, é preciso haver mais empresas jornalísticas para garantir a pluralidade de opiniões em sociedades democráticas.
– O jornalismo ocupa um lugar atribuído pela sociedade para atuar em defesa da população. Portanto, a sociedade tem o poder de retirar esse espaço do jornalismo. Hoje o enfrentamento da população (à profissão) é no sentido de aperfeiçoar as falhas da atividade – disse Leonel.
Edição 262 - Comunicação 60 anos