A temporada de furacões de 2008 teve quatro personagens principais até 18 de setembro: Fay, Gustav, Hanna e Ike. Entretanto, os alicerces do mercado financeiro mundial também foram sacudidos com eventos sem precedentes e que culminaram com um plano de resgate que pretende restaurar a confiança dos investidores na estrutura que caracterizou Wall Street nos últimos 150 anos.
Tentar determinar a origem exata dos problemas é uma tarefa difícil – há pessoas que acreditem que isso seja consequência do período de juros extremamente baixos mantidos pelos EUA por muito tempo, o que alimentou uma bolha imobiliária que gerou a chamada "crise do subprime".
O fato é que essa é uma oportunidade de observar, novamente, como os mercados podem reagir de forma extrema às informações recebidas. As comparações com a crise de 1929 são inevitáveis, mas relativamente imprecisas. A crise atual, que envolve instrumentos financeiros de elevada complexidade, trouxe uma dose imensa do que o mercado mais abomina: incerteza.
Pode parecer uma contradição – afinal, o mercado vive da incerteza e da volatilidade, que faz um comprador acreditar que um ativo irá se valorizar no futuro, enquanto um vendedor acredita que isso não irá ocorrer. Mas o mercado trabalha com parâmetros de risco, mensurados por diversos índices e pela percepção de eventos futuros. Quando esses parâmetros não são respeitados, ou quando a visibilidade dos eventos futuros é limitada, o efeito inevitável é uma crise.
Em seu rastro de destruição, já ficaram três dos cinco principais bancos de investimento dos EUA, as duas principais agências de fomento para o mercado imobiliário daquele país, uma das maiores seguradoras do mundo, centenas de bilhões de dólares de prejuízos globais e uma lição que será estudada por anos.
Guy Perelmuter
Chief Operations Officer e Chief Risk Officer para América Latina do Banco UBS Pactual, graduado em Engenharia de Computação em 1994, mestrado