As difíceis decisões de um Vice-Reitor
16/11/2023 18:31
Editor Chefe

Série Especial: Entrevista com os Vice-Reitores

"A criação de novas vice-reitorias foi necessária, pois elas passaram a concentrar operações e serviços até agora dispersos pela Universidade", afirmou o professor Tanscheit. (Foto: Kathleen Chelles)


Formado em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, o Professor Ricardo Tanscheit fez doutorado no Queen Mary College - Universidade de Londres, na Inglaterra, e se especializou em inteligência computacional. Ele começou a dar aulas na PUC-Rio em 1977, já foi diretor do Departamento de Engenharia Elétrica,  Coordenador Administrativo (Vice-Decano) do Centro Técnico Científico e Coordenador Central de Orçamento da Vice-Reitoria Administrativa.
 
Em 2019, o professor assumiu a Vice-Reitoria para Assuntos Administrativos. Na sexta entrevista da série do Jornal da PUC com os vice-reitores, Tanscheit tratou de orçamento e destacou como a criação de novas vice-reitorias e a reorganização das demais foi importante para otimizar a administração de diferentes instâncias da Universidade.

Quais as atribuições da Vice-Reitoria para Assuntos Administrativos? Como ela se estrutura?

Ricardo Tanscheit: A Vice-Reitoria para Assuntos Administrativos – Administrativa e Financeira (VRAD) abrange as questões financeiras e contábeis e de recursos humanos. Zela, também, pelo cumprimento estrito das diversas legislações que dizem respeito a pessoas jurídicas de direito privado, particularmente aquelas sem fins lucrativos reconhecidas como entidades beneficentes de assistência social que prestam serviços nas áreas de educação.

Com as alterações na estrutura da Universidade, a VRAD também se reorganizou internamente. São 37 funcionários técnico-administrativos distribuídos no Gabinete, Coordenação de Orçamento e Diretorias Financeira e de Recursos Humanos. A Diretoria Financeira é composta pelas Gerências Contábil e de Operações Financeiras, além da Coordenação de Controle Interno. À  Diretoria de Recursos Humanos estão associadas as Coordenações de Desenvolvimento e Recrutamento e Seleção, de Movimentações Funcionais e Remuneração, de Admissão e Benefícios, bem como a da Folha de Pagamento.
     
Cabe à Coordenação de Orçamento, exercida pelo Luiz Torres, realizar a previsão orçamentária e suas revisões, essenciais para o gerenciamento de receitas e despesas da Administração Central, departamentos e unidades, que, a cada ano, expõem as suas necessidades de recursos de ordens diversas. Em 2023, com o apoio da Reitoria, retomou o processo de Orçamentação por Unidades, que passa a ser uma ferramenta de acompanhamento anual para os departamentos e para a própria Administração Central.

Compete à Diretoria de Recursos Humanos, comandada pela Maria Eduarda Pestana de Aguiar, promover os processos seletivos de recrutamento de pessoal, gerenciar admissões e desligamentos, garantir os benefícios oferecidos pela Instituição, validar as diversas movimentações funcionais e executar a folha de pagamento. Além disso, conduz programas de desenvolvimento, seja por iniciativa própria ou em atendimento a demandas do corpo de funcionários. Em 2022, foi responsável pela realização da avaliação de desempenho do quadro técnico-administrativo.


A Diretoria Financeira, exercida também pelo Luiz Torres, responsabiliza-se pela interação com instituições bancárias, pelo gerenciamento de contas a receber (ensino e pesquisa) e contas a pagar (a prestadores de serviços, por exemplo). O setor de contabilidade zela pela observância das normas contábeis, de forma a assegurar o estrito cumprimento da legislação. Já o controle interno fiscaliza as atividades administrativo-financeiras dos departamentos e unidades. A gestão das bolsas para alunos de graduação – que se constituem, efetivamente, em renúncia de receita –, sejam elas acadêmicas ou comunitárias, passará a ser realizada pela VRAD. Ressalte-se que as avaliações e pareceres acadêmicos e sociais continuarão sendo de responsabilidade das vice-reitorias Acadêmica e Comunitária.

Mais recentemente, a Coordenação Central de Educação Continuada (CCEC), liderada pela Professora Adriana Vidal, passou para o âmbito da VRAD. Além de constituir uma vertente estratégica institucional de portfólio, a CCEC atua nos aspectos operacionais e financeiros dos cursos de especialização e de extensão, o que torna natural esse movimento. Cumpre lembrar que o seu setor de Tecnologia da Informação (TI) já se integrara à Vice-Reitoria de Infraestrutura e Serviços, como parte do processo de centralização das diversas equipes de TI disseminadas pela Universidade.
A VRAD conta com 37 funcionários técnico-administrativos distribuídos no Gabinete e em diversas diretorias.(Foto: Kathleen Chelles)

Como a Universidade faz a sua previsão orçamentária e que elementos mais influenciam essa organização?

Ricardo Tanscheit: A cada mês de novembro, realiza-se a previsão de fechamento do orçamento anual, assim como a previsão orçamentária para o ano seguinte (denominada R0), quando se estimam os valores das mensalidades que passarão a vigorar. Essas estimativas levam em conta as previsões do INPC (de 12 meses) para os meses de março e abril, que normalmente regem os reajustes salariais de funcionários técnico-administrativos e professores, estabelecidos em convenções coletivas das categorias.

Ao longo do ano, são realizadas pelo menos duas revisões orçamentárias, denominadas R1 e R2, de forma a ajustar a previsão realizada para o fechamento ao final do ano frente ao desempenho observado de receitas e despesas.

A revisão R1 é acompanhada do balanço anual das contas da Universidade, conforme exigido pela legislação. O balanço patrimonial, elaborado pela Gerência Contábil, é auditado por uma empresa externa que já opera com a Universidade há vários anos. Cumpre observar que, com as evoluções na legislação que rege as entidades beneficentes de assistência social, essa auditoria é realizada com muito rigor, pois assim o exigimos e assim procede a empresa. É importante não incorrer na chamada má gestão para não colocar em risco a nossa condição de entidade filantrópica.

As previsões orçamentárias R0, R1 e R2 são submetidas à aprovação do Conselho Fiscal e do Conselho Diretor da Associação Mantenedora. A revisão R1 é apreciada também pela Assembleia da Associação Mantenedora, em conjunto com o balanço, de acordo com o estabelecido em estatuto.

Recentemente, a Universidade fez um Plano de Desligamento Incentivado (PDI), o que já ocorrera em 2019 e 2021. Qual o objetivo da Vice-Reitoria com esses planos?

Ricardo Tanscheit: As transformações pelas quais vêm passando a sociedade têm se refletido em uma queda na demanda pelo ensino superior. No Brasil, as instituições privadas de ensino superior experimentaram, nos últimos oito anos, uma redução de cerca de 30% no número de alunos em cursos presenciais. Do ponto de vista de gestão empresarial, o surgimento frequente de novas metodologias e ferramentas tem trazido consigo uma evidente transformação na configuração de empresas. Desta forma, faz-se necessária uma reconfiguração das estruturas, inclusive a de pessoal.

Atenta a isso e ao impacto orçamentário que uma inação poderia provocar em curto e médios prazos, a Universidade lançou os planos de desligamento incentivado em 2019, 2021 e 2023. Na confecção destes, procurou-se assegurar que o funcionário desligado pudesse satisfazer as condições para manutenção do seu plano de saúde, o que só é possível após dez anos de contribuição.

A opção pelo oferecimento de um incentivo, algo incomum em processos de desligamento em empresas privadas, demonstra o cuidado que a PUC-Rio sempre demonstrou ter no tratamento a seus funcionários, evidenciado também quando procurou se assegurar de que o funcionário desligado teria uma renda oriunda de previdência pública, somada ao incentivo e às verbas rescisórias, para a sua manutenção futura.

O Balanço Patrimonial é auditado por uma empresa externa que já opera com a Universidade há vários anos. (Foto: Kathleen Chelles)


No ano passado, foi realizada uma avaliação de desempenho de pessoal e a Vice-Reitoria pretende torná-la anual. Por que e como ela pode servir de subsídio para uma política de promoções?

Ricardo Tanscheit: A avaliação de desempenho baseada em competências foi uma novidade na Universidade. O objetivo original era obter um primeiro retrato do corpo técnico-administrativo da Universidade, sabendo que este seria um passo inicial de um processo contínuo e complexo. É necessário que os envolvidos tenham uma boa compreensão do conceito de competência e do uso do sistema, o que somente será possível com a reedição anual de avaliações de desempenho. Não obstante, as informações registradas já servem para se determinar a coerência das informações fornecidas com as solicitações de promoções ou mesmo de desligamento de funcionários.

O sistema já está sendo aprimorado, de forma a facilitar o preenchimento e a compreensão da comunidade. Sempre será importante que os graus atribuídos sejam efetivamente corroborados por fatos e evidências.  Mas repito: um processo desse tipo deve ser contínuo para que as informações e as avaliações dos gestores retratem da maneira mais fiel possível o exercício das competências associadas aos cargos e atividades.

Como a criação das novas Vice-reitorias, especialmente a de Infraestrutura e Serviços, impactou positivamente a Vice-Reitoria para Assuntos Administrativos?

Ricardo Tanscheit: A criação de novas vice-reitorias foi necessária, pois elas passaram a concentrar operações e serviços até agora dispersos pela Universidade e alocados em uma ou outra vice-reitoria. Da ótica da Vice-Reitoria Administrativa, a criação da Vice-Reitoria de Infraestrutura e Serviços (VRIS) foi mais do que bem-vinda, pois ela é agora responsável pela estruturação gradativa do setor de Tecnologia da Informação (TI), que agrega os diversos serviços de sistemas de informação da Universidade, parte do quais estavam situados na VRAD (SGU). A antiga Superintendência Geral do Campus, outrora ligada à VRAD, passou também para o escopo da VRIS.

Nessa linha de discriminar bem as funções primeiras de cada vice-reitoria, cabe salientar também o deslocamento da Coordenação Central de Projetos Patrocinados para a Vice-Reitoria de Desenvolvimento e Inovação (VRDI), pois a gestão e a prestação de contas de projetos são inerentes ao conceito de Desenvolvimento e Inovação.

Embora agora estejam bem mais definidas as atribuições de cada vice-reitoria, a interação entre elas tem sido bastante intensa, pois assim o exige uma governança corporativa. Com uma alocação mais objetiva dos serviços que devem ser oferecidos e com atribuições mais definidas para cada setor, a Universidade está se movendo na direção de contar com um organograma de fato, permitindo que cada unidade possa se concentrar nas atividades que lhe são mais apropriadas, mas sem impor muros em relação às demais.

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