“Eu presenciei muito sofrimento, muita dor. Pessoas muito machucadas, pessoas que perderam tudo, gente que eu conhecia que morreu”, conta o poeta, que tem casa há mais de 20 anos no interior de Teresópolis. Após escrever sobre a tragédia, ele começou a estudar outros desastres da natureza (reais e lendários). Leu sobre Atlântida, sobre o terremoto que aconteceu em Lisboa (antes dos anos 1800) e o tsunami do Japão. Depois, escreveu os quatro episódios que compõem a obra.
– Resolvi juntar isso tudo, como se fosse um grito em cima da nossa vulnerabilidade no mundo, mostrando um pouco que não adianta tanta tecnologia, tanta preocupação com detalhes, quando não se tem a noção exata do que a natureza está nos reservando – explica.
Gritos Grisalhos explora a fragilidade humana. Para Ricardo Oiticica, pesquisador da Cátedra UNESCO de Leitura PUC-Rio – que organizou o lançamento –, trata-se de “um livro de referência para a perplexidade do homem diante das câimbras da natureza, que estão repuxando a Terra”.
No lançamento, trechos selecionados de quatro partes do livro foram lidos por quatro mulheres que representavam cada lugar abordado. “A ideia era trazer os quatro cantos do livro nas vozes de quatro mulheres representativas, dentro de um espetáculo vocal do grupo Organismo”, explica Oiticica.
Toda a programação foi relacionada ao tema abordado na obra e ao estilo ousado do autor. “Eu acho que, assim como a linguagem, o lançamento também não deve ser convencional. Deve ser uma maneira de as pessoas confraternizarem em torno da língua. O livro deve ser o mote, mas a gente está ali falando da língua, o que eu acho muito interessante”, diz Bruni.
Edição 250