Foi muito mais do que um intercâmbio cultural. A comunidade da PUC-Rio conheceu, nos dias 13 e 14 de abril, um pouco dos costumes dos mais antigos moradores do que hoje se chama Brasil: os índios. Em comemoração ao dia deles, 19 de abril, nativos de cinco tribos – apurinã, pataxó, guajajara, fulni-ô e puri – fizeram exposição nos pilotis do Edifício da Amizade. Itens como pulseiras, pentes, apitos colares, braceletes, colheres de pau e travessas de madeira foram colocados à venda por preços entre R$ 5 e R$ 15. E fizeram sucesso:
– Achei muito interessante. Cheguei a conversar com um deles, perguntei qual era a tribo... Comprei até uma pulseira – aprovou Marina Seabra, aluna do 6º período de Jornalismo.
O grupo que esteve na Universidade faz parte do Instituto Tamoio, localizado no antigo Museu do Índio, que foi transformado em 2007 em um ponto de cultura indígena. As atividades também contaram com palestra da pajé Niara do Sol e da mestranda
– Existem práticas atuais que são muito importantes, mas de que muitas pessoas não têm conhecimento. Eu mesma achava que a nossa cultura já tinha dominado tudo, mas vi que não - disse Daniele da Costa, uma das idealizadoras do projeto, que é realizado em parceria com a Coordenação de Atividades Comunitárias e Culturais (CACC).
A pajé Niara do Sol, professora de símbolos nativos no Instituto, ressaltou que existem, no Brasil, 240 etnias indígenas e 180 línguas. Ela explicou ainda que os símbolos fazem uma conexão com o que o homem de hoje perdeu. O problema, segundo ela, é que “não se percebe que tudo o que é vivo se comunica com a gente”.
– Energia é uma coisa que você vê a partir de quando aciona o botão, que é você mesmo – disse ela.
E as atividades não ficaram restritas apenas a quem é da PUC. Cerca de 50 alunos do 2º e 4º anos (1ª e 3ª séries) da Escola Municipal Luiz Delfino assistiram, nos pilotis, a apresentações de contos, cantos e danças indígenas. Os índios da tribo pataxó prestigiaram os presentes com uma música que só é cantada em ocasiões especiais, quando estão felizes. “Vocês merecem”, disse um dos nativos. Segundo uma das professoras da Escola, Danielle Linhares, a oportunidade foi boa para os alunos verem mais de perto o que é estudado em sala de aula.
Para Chamakiri Apurinã – cujo nome, em sua língua, significa “sábio” –, mostrar a cultura dos povos indígenas às crianças é essencial. Segundo ele, graças ao que eles vêem na TV, muitas ainda associam o índio brasileiro ao americano. “Mostrar a verdadeira cultura brasileira é o objetivo”, afirmou Guarapirá Pataxó – cujo nome significa uma espécie de pássaro. Guarapirá ressaltou a importância da lei que tornou obrigatórias as aulas de histórias e cultura do povo indígena para alunos do ensino médio e fundamental das escolas públicas e particulares do país, sancionada em
– O índio tem uma ligação muito grande com a natureza. É preciso repassar um pouco dessa sabedoria milenar, que durante esses 500 anos sempre foi relegada – disse o contador de histórias Dauá Puri – cujo nome, em sua língua, significa barro amarelo.
Edição 228