O vilão da vez é o cigarro
15/09/2009 14:00
Renata Bulhões / Fotos: Isabela Campos

Após exibição do filme Fumando Espero, debate sobre o tabagismo

Com o intuito de conscientizar a população sobre os malefícios do tabaco e lembrar o Dia Nacional de Combate ao Fumo (29 de agosto), o Instituto Nacional de Câncer (INCA) e a Aliança de Controle ao Tabagismo (ACT) promoveram, na segunda-feira, 24, o Projeto Fala Sério. Houve exibição do documentário Fumando Espero, seguido de palestra com a diretora do filme, Adriana L. Dutra, o diretor geral do INCA, Luiz Antonio Santini, a diretora do ACT, Paula Johns, e os professores de Design Nilton Gamba e Rejane Spitz, que colaboraram no desenvolvimento das advertências que aparecem nos maços de cigarro. Foram distribuídos panfletos sobre o fumo, com dicas para parar de fumar, para não se deixar levar pela indústria do cigarro e advertência sobre os danos do vício.

 

A diretora Adriana Dutra
  

Fumando Espero é um documentário que abordas as questões que envolvem o tabagismo, a partir da trajetória da própria diretora em sua luta contra o vício. Atores, cantores, agricultores de tabaco e pessoas comuns, fumantes e não-fumantes, dão suas impressões sobre o fumo. Adriana ressalta, entretanto, que não conseguiu falar com ninguém da indústria tabagista. “É uma indústria que se fecha, que manipula”, disse, e acrescentou que, durante a produção do filme, um carro de uma empresa de tabaco a seguia, observando os passos da equipe. Com medo de o documentário ser visto como um tipo de panfletagem, a diretora optou pelo humor na produção do filme. ”Ele é um filme sério, mas que ao mesmo tempo diverte”, comentou.

 

Os palestrantes ressaltaram que quem não fuma também pode desenvolver doenças relacionadas ao tabaco. “É preciso ter respeito pelo espaço do outro”, comentou Adriana Dutra. Também defenderam que, durante muito tempo, a indústria tabagista se utilizou da publicidade, muitas vezes enganosa, para conquistar novos fumantes, inclusive crianças e adolescentes. Hoje, 2,4 milhões de fumantes têm entre 5 e 19 anos.

 

Santini falou sobre as ações
 da indústria do tabaco

Adriana, que após o filme voltou a fumar duas vezes, comentou sobre a recaída no vício: “O sentimento que dá é o de fracasso. É muito difícil começar tudo de novo, sofrer de novo. Chega um momento em que o que era prazer, vira culpa”. Hoje a diretora não fuma mais e defende que o momento é de exposição dos fatos. “Nós fomos enganados por muito tempo, está na hora de falar a verdade”, disse.

 

Luiz Antonio Santini deu os parabéns pelo filme, e ressaltou a estratégia de comunicação da indústria de tabaco: “Eles investem em programas, como de trazer formadores de opinião para as faculdades, expondo que as empresas tabagistas têm responsabilidade social.” Santini comentou também que as empresas alegam que a restrição do fumo em ambientes fechados fere a liberdade individual, mas que, na realidade, trata-se de uma questão de saúde, e acrescentou que os países que adotaram a lei obtiveram redução de fumo. Quanto ao projeto Fala Sério, ele comentou que o debate em torno do assunto é importante para esclarecer as questões do fumo.

 

O documentário levou cinco anos para ficar pronto, entre apuração e edição, e já foi comercializado para virar uma minissérie.

 

 

Edição 220

 

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