Opções de lazer e um mergulho na história
17/12/2008 17:00
Cristiane Barbalho

Pontos importantes da cidade, como o Museu de Belas Artes, são garantia de diversão e cultura

Passear pelo centro do Rio pode trazer a sensação de uma viagem pela história. Basta apenas olhar para os lados: em meio ao trânsito movimentado e o vidro e o aço dos edifícios mais recentes, marcos importantes como o Theatro Municipal e o Paço Imperial resistem ao tempo com charme e elegância. Uma equipe do JORNAL DA PUC percorreu as ruas do centro, seguindo um dos muitos possíveis roteiros, e destacou alguns desses lugares.

Na chegada ao centro foi decidida a primeira parada, na Praça Mauá, localizada no início da Avenida Rio Branco. No local está o edifício do jornal A Noite, de 1930, um marco da arquitetura do concreto armado no Brasil. O prédio, de 22 andares, com projeto art déco, de Joseph Gire, o mesmo arquiteto francês responsável pelo Copacabana Palace, marcou a tendência verticalista da arquitetura da cidade. A Rádio Nacional também ocupou o prédio.

O intenso trânsito da Avenida Rio Branco dificulto a chegada à próxima parada, que tem muitos prédios históricos, como o Theatro Municipal, inaugurado em 14 de julho de 1909, inspirado na Ópera de Paris, de Charles Garnier. A construção do prédio se deu com a abertura da Avenida Central, atual Avenida Rio Branco, pelo então prefeito Pereira Passos. O projeto do teatro foi de Francisco de Oliveira, filho do prefeito, que contou com a colaboração do francês Albert Guilbert.

Ao atravessar o sinal e chegar à Praça Marechal Floriano, foi possível contemplar outras belíssimas construções, como a Câmara dos Vereadores, apelidada de Gaiola de Ouro. Segundo Antonio Edmilson Rodrigues, professor do Departamento de História da PUC-Rio, o apelido é conseqüência do estilo do prédio que parece art nouveau, mas que na verdade é eclética. A construção do prédio, em 1920, consumiu 23 mil contos de réis, considerados na época uma fortuna, se comparado ao valor da obra do Theatro Municipal, que foi de 10 mil contos de réis. Com o fim do Império e a Proclamação da República, a Câmara foi transferida para o prédio da Escola de São José, no Largo do Bispo, atual Praça Marechal Floriano.

Com fachada inspirada na Renascença francesa, com frontões, colunatas e relevos em terracota representando as grandes civilizações da antigüidade e medalhões com retratos dos integrantes da Missão Francesa, pintados por Henrique Bernardelli, o Museu de Belas Artes encanta pela beleza. Inaugurado em 19 de agosto de 1938, sua história é anterior à construção do prédio. Com a chegada de Dom João VI, em 1808, várias obras de arte vieram para o Brasil. Anos mais tarde, Dom João VI inaugurou a Escola Real de Ciência, Artes e Ofícios, em prédio construído por Grandjean de Montigny.

A Biblioteca Nacional é outro ponto importante da história da cidade. O atual prédio, na Avenida Rio Branco, foi inaugurado em 29 de outubro de 1910. Mas a sua história também é muito anterior à construção. Com a invasão francesa em Portugal e a chegada da corte portuguesa, ao Brasil, o acervo da Real Livraria é trazido para o país. Após a volta de Dom João VI para Portugal, o acervo fica no Brasil.

A Ladeira da Misericórdia, a primeira da cidade, foi a terceira parada. O lugar, antes chamado de Caminho de Manuel de Brito, ligava a várzea ao Morro do Castelo. Foi nessa rua que funcionou a primeira Alfândega, a Cadeia, a Câmara, o Tribunal de Relações, que condenou Tira-dentes à forca e os outros inconfidentes à prisão e ao degredo. A região também sediou a primeira Assembléia Constituinte do Brasil Independente. A Igreja de Nossa Senhora do Bonsucesso também fica no local.

O próximo local visitado foi a Praça XV, antigo Largo do Carmo, palco de momentos importantes na história da cidade, e não poderia ser esquecida. O chafariz de Mestre Valentim, que antes dos aterros estava próximo à escadaria de atracação dos barcos, foi construído para abastecer de água os navios, em 1779. O Paço Imperial, de 1743, também na Praça XV, foi residência dos governadores da Capitania do Rio de Janeiro. Em 1808, com a chegada de Dom João VI, o prédio é transformado em Paço Real e sofre várias alterações, como a construção de um novo andar.

Perto da Praça XV está a Igreja de Nossa Senhora do Monte do Carmo, na Rua Primeiro de Março, conhecida como Rua Direita, a primeira da cidade, é a Antiga Sé. A principal atração do prédio é o trabalho de talha dourada em estilo rococó, no interior da Igreja, feita por Inácio Ferreira Pinto. Com a chegada da Família Real Portuguesa, o local foi transformado em Capela Real, e foi palco de importantes eventos, como a sagração de Dom João VI, em 20 de março de 1816, e o casamento de Dom Pedro e Dona Leopoldina de Áustria, em 6 de novembro de 1817. A música erudita também esteve presente na história da Igreja, com o padre José Maurício Nunes Garcia e o português Marcos Portugal

A última parada foram os Arcos da Lapa, hoje uma referência da boêmia carioca, e que tiveram grande importância para a cidade. Inaugurado, em 1726, para ser o novo aqueduto, transportava as águas do Rio Carioca, em Santa Tereza, para o Convento de Santo Antônio e depois para um chafariz no atual Largo da Carioca. Sua arquitetura lembrava o que Dom João V estava erguendo em Águas Livres, Lisboa.

 

Edição 211

 

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