O problema mais comum causado por esse tipo de exposição é o tinitus, ou ruído no ouvido. A pessoa que sofre desse mal é incomodada por um zumbido parecido com o som de sinos ou do canto de uma cigarra. O uso do fone não resulta na perda total de audição, mas a lesão provocada dificilmente será recuperada. "No início a pessoa acha que o zumbido é apenas passageiro. Porém esse é o primeiro sinal da perda de audição" , explica Amarante.
Ian Madeira, estudante do segundo período de Administração na PUC-Rio, ouve música com fones de ouvido constantemente. "Eu ouço música com fones aproximadamente duas horas por dia, no volume máximo. Geralmente escuto quando estou fora de casa. Quando estava no colégio, também ouvia durante as aulas", confessa o estudante. Ian afirma não ter percebido alterações em sua audição, porém confessa falar extremamente alto. "Eu falo muito alto, mas acho que sempre falei assim", assume.
Guilherme Alt, estudante do quinto período de Comunicação Social, também é adepto dos fones de ouvido. "De vez em quando incomoda, mas tem dia que até durmo com ele", admite.
Mas nem todos os jovens aderiram à moda. Juliana Royo, estudante do sexto período de Comunicação Social na PUC-Rio, não gosta dos fones porque acha que eles machucam o ouvido. "Acho que os fones incomodam demais", reclama Juliana. Segundo o professor Amarante, mesmo que volume do aparelho não esteja no máximo, o uso excessivo dos fones pode provocar lesões no ouvido. "Pode causar descamação da pele, machucados e inflamação do conduto auditivo externo", assinala o otorrino.
Os danos que podem ser causados à saúde não são apenas físicos. Segundo a psicóloga e fonoaudióloga Icléia da Rocha Fineto, o excesso na utilização desses aparelhos pode provocar o isolamento dos jovens tanto em relação à família como entre amigos. "Também podem surgir quadros como ansiedade, contudo o mais perigoso é a falta de controle, o abuso", relata a psicóloga.
Para Icléia, esse poderia ser um meio de escape para um problema psicológico já existente. "Seria um dos casos de isolar-se por insegurança ou fuga da realidade", revela a psicóloga.
Outras complicações podem surgir após a detecção de um problema auditivo. Segundo estudos realizados pelo Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, problemas de audição podem provocar irritabilidade, alteração emocional e desestabilização do convívio social.
O JORNAL DA PUC propôs ao professor Amarante que fizesse um exame de audiometria em Ian, Guilherme e Juliana. O exame é bem simples: ao entrar em uma sala, a pessoa se senta, coloca um headphone e, ao ouvir qualquer som, deve levantar o braço. Enquanto isso, o médico observa do outro lado da sala. Através desse teste, é possível saber o quanto a audição dos jovens está afetada. Felizmente, nenhum dos três apresentou problemas auditivos. No caso de Ian e Guilherme, o professor Amarante declarou que vários fatores influenciaram no resultado. "A pessoa possui pouca suscetibilidade a esse tipo de problema", revela o professor.
Para impedir o surgimento de problemas futuros, tanto Icléia quanto Amarante aconselham evitar abusar do volume ao utilizar os fones de ouvido.
Edição 195