Aclamada pelo público e proibida pela repressão, a canção de Geraldo Vandré de 1968 tornou-se sinônimo de resistência à ditadura e fez fl orescer sementes de protesto. Talvez o Jornal Flor do Campus tenha nascido desta floração.
O Jornal foi fundado na década de 1980, quando o país caminhava para a redemocratização e a PUC-Rio vivia uma crise interna que muitos viam na contramão deste movimento.
O Flor do Campus foi assumido pelos alunos de Comunicação da PUC-Rio como trincheira na luta por melhores condições para o Departamento de Comunicação e pela gestão mais participativa da Universidade. A atuação do Professor Fernando Ferreira, supervisor do Jornal, tornou possível essa empreitada difícil que permitiu que o Flor se tornasse escola de grandes profissionais da imprensa tais como Cristina De Luca, Arthur Dapieve e Lilian Saback.
Ao folhear os números conservados pela Professora Lilian Saback, salta aos olhos a capacidade do Jornal de manter uma pauta abrangente e de atualidade; de tratar temas que eram tabu tais como a AIDS, a discriminação e a homossexualidade; de lutar sem perder o humor por melhores instalações e equipamentos para o Departamento de Comunicação e de enfrentar as questões internas da PUC-Rio.
O expediente do Jornal mostra que era um grupo não muito numeroso de alunos que assumia as principais tarefas. Os nomes se repetem no Conselho de Redação, diagramação, produção fotográfi ca, revisão gráfi ca e divulgação, tarefas que tornavam viável a publicação. Único docente da Redação, Fernando Ferreira foi, segundo o Professor Miguel Serpa Pereira, o grande responsável pela liberdade que pautava aquelas páginas.
Para os que viveram os complexos anos 1980 na PUC-Rio, é bom recordar que, em meio a tensões e crises, fl oresceu na Universidade essa Flor do Campus.