Em 2013, manifestações em todo o Brasil anteciparam- se ao marco simbólico dos 50 anos do Golpe de 1964. O protesto não se referia a uma questão ou inimigo único, como foi a Ditadura, mas a um contexto em que a desilusão com a política tradicional e com os políticos em geral era a tônica. Previa-se que em 2014 as manifestações voltassem com a mesma força. Talvez pela violência que ocorreu de todos os lados, ou pela captura pelos partidos das bandeiras defl agradas, ou ainda pela mobilização com a Copa do Mundo, isso não aconteceu. Talvez porque movimentos vêm e vão e os momentos nunca se repetem. Mas ficam as marcas.
Durante aqueles meses de 2013 a PUC-Rio foi tomada pela agitação dos estudantes e pelo debate acadêmico que tentava entender o que acontecia “no calor da hora”, com eventos ocupando os pilotis e os auditórios da Universidade, como nos debates do “Movimento da Hora Presente” ou no “Balanço das Jornadas de Junho”.
No dia 20 de junho, manifestações espalharam-se por todo o país. O campus fervilhava com relatos sobre as passeatas e a repressão policial. Neste dia, a Vila dos Diretórios foi ocupada por alunos mobilizados para o protesto no Centro do Rio. Eles pintaram rostos e cartazes, alguns ecoando frases de outros tempos, como “PUC território livre” e “Afasta de mim esse cálice”. Uma diferença notável nas manifestações em relação, por exemplo, às de 1968, é a quase ausência de identifi cação sobre a que universidade ou centro acadêmico pertenciam.
Os dias de agitação aos poucos passaram, algumas marcas foram apagadas ou cobertas com tapumes, mas a força das vozes e da presença física nas ruas fez o processo político avançar, as redes sociais na Internet ampliaram a sincronia com o que acontecia no mundo, e a universidade, mais uma vez, foi espaço de ideias, atos e emoções.