Foi fácil definir o tema que unificará as Crônicas de Memória em 2015. O Rio de Janeiro completa 450 e a PUC-Rio 75 anos, e as datas redondas são um convite à reflexão. 2015, portanto, é uma bela ocasião para que a memória da Universidade se ocupe dos vínculos entre o que ela procura ser e a cidade que a acolhe e desafia.
A fotografia que encabeça a primeira crônica desse ano de muitas comemorações pode representar o lugar físico e simbólico que a PUC-Rio ocupa na cidade.
Visto do alto, o campus da Gávea se situa entre a natureza exuberante da Mata Atlântica e o intrincado tecido urbano; entre o Leblon e a Gávea e as favelas da Rocinha e do Parque da Cidade; entre os Dois Irmãos e a Pedra da Gávea, atalaias imóveis e suntuosas da cidade, e o formigueiro humano das ruas em incessante ebulição. Esse entre-lugar, onde os contrastes da cidade são mais visíveis e suas tensões e contradições mais sensíveis, não deixa de ser uma excelente representação da universidade e sua função crítica ao fazer dos desafi os da sociedade a matéria prima do que pensa, cria e propõe.
A perspectiva da fotografi a também é sugestiva. Guiado pela sinuosidade do Minhocão, o olhar parece conduzido para a cidade e, transposta a barreira das montanhas, é levado para além de seus limites: o Brasil e o horizonte mais amplo aberto pelo oceano que comunica e integra a cidade, o país e a Universidade com o complexo mundo em que vivemos.
Para uma universidade que se situa nessa perspectiva e nesse lugar, comemorar os 450 anos do Rio de Janeiro é um convite para aprofundar as potencialidades e os desafi os que o futuro oferece aos cidadãos. O passado e o presente da cidade assinalam que essa cidadania se exerce, necessariamente, enraizada no local, projetada no nacional e aberta para o global.