governo federal discutem a possibilidade de o Brasil ratificar a CISG
Representantes do governo brasileiro, da comunidade acadêmica e da sociedade civil se reuniram na PUC-Rio para participar do primeiro seminário no Brasil dedicado à discussão da Convenção das Nações Unidas sobre Contratos de Venda Internacional de Mercadorias (CISG, na sigla em inglês), também conhecida como Convenção de Viena. Organizado pelo Departamento de Direito e pelo ramo brasileiro da International Law Association (ILA), o encontro foi no dias 25 e 26 de junho.
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Um dos pontos altos do seminário foi uma mesa-redonda sobre a possibilidade da adesão do Brasil à CISG. De modo geral, houve um entendimento de que a participação brasileira trará benefícios tanto no âmbito jurídico quanto no econômico:
– Se você tem regras uniformes, há uma diminuição dos custos jurídicos da transação. Se o meu direito de compra e venda é igual ao da China, por exemplo, não tenho que contratar um advogado especializado em direito chinês na eventualidade de ter um litígio. Como o Brasil está à margem da CISG, o exportador ou importador brasileiro não tem certeza sobre que norma jurídica vai ser aplicada no seu contrato. Esse grau de incerteza é custoso para a relação comercial, explicou Lauro Gama, professor da PUC-Rio e vice-presidente da ILA Brasil.
Os participantes também concordaram em afirmar que a principal razão para o Brasil ainda não ter ratificado a CISG é a falta de vontade política.
– Não há nenhuma objeção à ratificação do Brasil, mas também não há interesse político em torná-la uma prioridade. O Congresso está ocupado com diferentes questões e as empresas brasileiras e escritórios de advocacia ainda não se organizaram para reivindicar. Não sei quando o Brasil irá adotar a convenção, mas as conveniências são muito claras, avaliou Alejandro Garro, professor da Columbia University e membro do Conselho Consultivo da CISG.
Para o professor Welber Barral, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, a discussão acadêmica é importante, mas é preciso que se elabore um documento propositivo para que a adesão do Brasil se concretize:
– O governo só se move para apagar incêndio. Tem que se criar um consenso entre as comunidades acadêmica e empresarial para que o CISG se torne uma realidade, afirmou.
Outros palestrantes também destacaram a relevância da ação empresarial para o Brasil se tornar signatário da convenção. “O peso da pressão do meio acadêmico sobre o governo é relativo. O que convence mesmo é a opinião do setor produtivo”, argumentou o professor Rafael Alves, do Comitê Brasileiro de Arbitragem.
Para o professor Teophilo Santos, da Confederação Nacional do Comércio, a adesão do Brasil também beneficia o setor empresarial. “Tenho certeza de que os empresários vão ser a favor, porque o maior interesse do Brasil é a China, e ela é signatária”, disse.
Edição 218