Pão de Açúcar, Corcovado, Praia de Copacabana e Lagoa não são os únicos pontos visitados pelos turistas no Rio de Janeiro. As hospedagens em favelas, aventuras em cachoeiras, artesanato em comunidades e vôo de asa-delta também são freqüentados por visitantes de todo o mundo. Duas empresas de turismo incubadas no Instituto Gênesis da PUC-Rio, a Favela Receptiva e o Superar estão atentas às novidades do mercado e organizam pacotes turísticos bem alternativos. As duas empresas foram aprovadas pela Riotur no edital de 2007 e estão recebendo ajuda da prefeitura da cidade.
– A Riotur, querendo motivar o turismo na cidade, tentou através das incubadoras motivar que a sociedade crie empresas de turismo ou legalize as que já existem. A Riotur deu um valor em dinheiro para as incubadoras prestarem serviços para as empresas, depois de passarem por um processo de seleção e aprovados, são bancados pela Riotur por dois anos, explica Adriana Tapajós, responsável pelas empresas incubadas no Instituto Gênesis.
Hospedagem na comunidade, atividades como artesanato e costura, e voluntariado em oficinas fazem parte do projeto Favela Receptiva, na Vila das Canoas, na Zona Sul da cidade. Criada em 2005, a empresa colocou à disposição, na época do Pan-Americano, 20 casas para receber os visitantes. Eneida Santos, coordenadora do projeto, fez um curso na Associação Brasileira de Indústrias e Hotéis (ABIH), de capacitação dos anfitriões.
– Nesse curso houve provas e somente quatro dos vinte inscritos foram aprovados. Hoje, a gente trabalha com essas quatro casas e estamos aguardando que as demais se capacitem e voltem a receber turistas, diz Eneida.
O Favela Receptiva tem capacidade para catorze pessoas em quatro casas. Os turistas pagam R$ 45 a diária, que inclui café da manhã, além de terem a possibilidade de desenvolver atividades na própria comunidade. Os visitantes podem fazer passeios em cachoeiras, nas praias, caminhar pela Mata Atlântica e se aventurar no vôo livre, na escalada e no rapel.
Maria Mendonça é anfitriã do projeto há dois anos e ressalta que na favela existe amor, carinho e calor humano, diferentemente do hotel, que é um ambiente mais frio.
– Foi uma experiência muito rica na minha vida. É um relacionamento muito bom, e os turistas gostam da tranqüilidade e da natureza perto. É uma troca de experiência, a comunidade acolhe os visitantes e eles nos ensinam coisas da sua cultura. Quando vão embora, eles não querem perder o contato, assinala Maria.
O projeto Superar, incubado no Instituto Gênesis há um ano, tem como objetivo promover programas de aventuras, como com asa-delta, para superar determinados medos. Segundo Adriana, o estreante tem auxílio total.
– Todo o processo é acompanhado, desde que a pessoa chega para perguntar informações até o momento em que ela chega no solo. Para cumprir esse objetivo de acalmar as pessoas, é feito um trabalho para que elas percam o medo através das aventuras.
Humberto Garcez, responsável pelo Superar, trabalha com vôo duplo há mais de vinte anos e faz em média dois mil vôos por ano. O perfil dos aventureiros são turistas entre 20 e 50 anos, muitos deles com deficiência visual ou com paralisia total.
De acordo com Garcez, foram feitas pesquisas e desenvolvidas técnicas para a detecção do medo e de superação. “Às vezes demorávamos uma semana para fazer o vôo, trabalhando o medo da pessoa”, lembra o instrutor de vôo livre. As aventuras do Superar são tema do livro Decolando para a Felicidade, da editora Rocco, que será lançado em junho por Humberto em parceria com Ruy Marra.
Edição 197