Suassuna na telinha
11/06/2007 18:00
Ana Terra Athayde / Fotos: Carolina Jardim

Promovido pelo Departamento de Comunicação, em parceria com a Rede Globo, o seminário A Pedra do Reino reuniu Ariano Suassuna e uma entusiasmada platéia. O escritor falou sobre o seu processo de criação e narrou "causos" que divertiram e emocionaram os alunos.

O autor Ariano Suassuna e o diretor Luiz Fernando
Carvalho (no destaque) comandaram o seminário

Com mais de 700 páginas, O romance d’a pedra do reino é considerado, por muitos, a obra-prima do autor paraibano Ariano Suassuna. O livro é narrado por Quaderna, que, preso por subversão pelo Estado Novo, relembra suas façanhas através de um memorial. Depois de 36 anos de seu lançamento, a obra acaba de ser adaptada para a televisão por Luiz Fernando Carvalho, diretor de minisséries como Os Maias e Hoje é dia de Maria.

O autor e o diretor, este acompanhado por parte da equipe de produção, estiveram na PUC, nos dias 15 e 17 de maio, respectivamente, para dar uma prévia de como será a nova microssérie, que recebeu o nome de A pedra do reino. Levando a platéia, inúmeras vezes, ao riso, Suassuna falou sobre o processo de criação da obra, entremeando suas explicações com críticas políticas e alguns de seus "causos". Emocionado, ele lembrou histórias de sua infância que o aproximaram do sofrimento do sertão.

O autor procurou fundir, em seu livro, elementos de romances de cavalaria e de novelas pitorescas. Com isso, mesclou o aristocrático e o popular, tendo como pano de fundo a paisagem nordestina. "O sertão de Ariano não é realista, mas ligado à fantasia e ao imaginário", disse Luiz Fernando.

A obra, que começou a ser escrita em 1958, é resultado de doze anos de trabalho de Suassuna. O romance d'a pedra do reino é o início de uma trilogia inacabada, cuja segunda parte é composta por Ao sol da onça caetana e As infâncias de Quaderna. Luiz Fernando e os roteiristas Bráulio Tavares e Luis Abreu foram à fazenda de Suassuna, em Taperoá, na Paraíba, para fazer a adaptação.

"Ariano foi reabrindo um baú e colocando as cartas na mesa", contou o diretor. Como resultado, surgiram 60 páginas, escritas à mão por Suassuna, que completavam a história original. De acordo com Tavares, nem tudo pôde ser utilizado. "Excluímos algumas tramas que não eram fundamentais à história principal, mas o trabalho tem um fechamento bem satisfatório", assinalou o roteirista.

O autor de Auto da compadecida conciliou o trabalho para a TV com a elaboração de sua nova obra: A ilumiara. O livro, ao qual ele se dedica há mais de 25 anos, será composto por quatro histórias, intituladas Quaderna, o decifrador, A onça castanha, O palco dos pecadores e Pedra do reino, nova versão do original.

As palestras fizeram parte da eletiva Estética: Encontro entre TV e Cinema nas Minisséries da TV Globo. A pedra do reino, parte do projeto Quadrante, da emissora, vai ao ar entre os dias 12 e 16 de junho. A exibição do último capítulo coincide com a comemoração dos 80 anos de Suassuna. "Se a adaptação será um sucesso, eu não sei. Mas tenho certeza de que terá um grande êxito, que é o mais importante", disse o escritor.

 

 Edição 187