O encontro da Cúpula dos Líderes do G20 vai ocorrer nos dias 18 e 19 de novembro no Rio de Janeiro, mas o debate ao redor das metas para construir um planeta mais sustentável já começou. O Santuário Arquidiocesano Cristo Redentor organizou o “Comitê Cristo G20” para participar das sugestões elaboradas pelos grupos de engajamento do G20 Social, que serão inseridas nos documentos finais da Cúpula. Criado pelo governo federal, o grupo tem como papel fornecer estruturas para atender demandas das sociedades dos países do G20 em setores distintos.
A primeira das três rodas de conversa promovidas no mês de junho foi no auditório do RDC e teve a participação do presidente do Instituto de Pesquisa Jardim Botânico, Sérgio Besserman Vianna, do escritor e gari Valdeci de Boareto, do Pe. Josafa Carlos de Siqueira, S.J., do empresário Oskar Metsavaht e do arquiteto Miguel Pinto Guimarães. O Reitor da PUC-Rio, Pe. Anderson Antonio Pedroso, S.J., que é conselheiro de um dos grupos de engajamento, abriu o encontro Relações Internacionais do Santuário Cristo Redentor, Gilson Araujo Junior.
Todos os participantes da reunião na PUC-Rio ressaltaram a importância da educação ecológica. Para o economista Sergio Besserman, é preciso ser realista quanto ao cenário climático. Ele acredita que a conscientização pode fazer com que a comunidade perceba a importância não só de preservar, mas também de se aproximar dos parques e florestas.
— Só uma sociedade que é solução e não problema pode ter a vida integrada ao meio ambiente. Sendo ele o principal objeto de análise do século, precisamos debater a realidade, e é difícil, porque vivemos um atraso e a crise já se tornou excepcionalmente grave — alertou.
Bresserman mencionou as atividades feitas com alunos de escolas municipais, que levam estudantes da periferia a ter mais contato com a natureza. É com este mesmo objetivo que o arquiteto Miguel Pinto Guimarães trabalha. Ele acredita que os espaços públicos devem ser ocupados e construídos para os cidadãos e também para o meio ambiente.
— É preciso que o Estado pense nas praças e nos lugares de convivência, para que as pessoas sintam vontade de frequentá-los. Uma vez que estes lugares voltem a ser ocupados, os governantes têm a obrigação de cuidar deles e de fazer isso de forma sustentável. — argumentou Miguel.
De uniforme, o gari Valdeci de Boareto relatou o trabalho que realiza em escolas para ensinar os jovens sobre a importância da preservação do meio ambiente. Os textos de Boareto têm como objetivo a disseminação de informações em relação ao descarte e à coleta adequada do lixo e a desmistificação da atividade de catadores.
— Muitos pais falam para os filhos que se eles não estudarem vão virar garis. Logo cedo a criança aprende que é algo ruim, essa iniciativa mostra para elas que é uma profissão muito bonita, porque cuida do planeta. — explicou Valdeci.
Na busca de incentivar o aproveitamento de alimentos que seriam descartados, a Comlurb firmou uma parceria com o supermercado Zona Sul, na qual produtos, como frutas e verduras são doados para moradores do Caju, na Zona Portuária.
O designer Oskar Metsavaht, que é ativista ambiental e combina a moda à sustentabilidade, lembrou que a indústria fashionista, por vezes, é marcada pela exploração de bens naturais e o estímulo ao consumo exagerado. Para o empresário, entretanto, as roupas podem ser usadas como meio de comunicação ecológica, com estampas que levem frases informativas e camisetas produzidas de forma sustentável.
Com a produção de bens em escala global, os problemas ambientais não só aumentaram, como também fizeram da crise um problema para todos. Por isso, o Pe. Josafá Siqueira pontuou que já não é mais possível abordar apenas o contexto local. Segundo ele, formar agentes multiplicadores nas escolas e nas universidades é essencial, mas esse debate não pode ser limitado e a educação ambiental deve chegar a todos.