Com dois Oscars na estante, o compositor argentino Gustavo Santaolalla pode ser considerado o maior expoente da música latina contemporânea. Responsável pelas trilhas de O Segredo de Brokeback Mountain (Brokeback Mountain - 2005) e Babel (2006), ambas premiadas, Santaolalla lidera diversos projetos musicais, além de trabalhar como produtor de discos. Ele esteve na PUC no sábado, 12, para contar sua experiência no cinema. Na véspera, tocou no Canecão, onde fez um show considerado inesquecível pelos que o assistiram.
O repertório da noite foi aberto com temas acústicos, retirados de trilhas do próprio compositor. Revezando entre o violão e o alaúde, Santaolalla parecia ter optado por um show acústico, rico em melodia e virtuosismo. Após a quarta canção, o argentino chamou ao palco Marisa Monte, com quem interpretou, no formato violão e voz, músicas que variaram entre o samba e o bolero.
A parceria já devia indicar a disposição do compositor de variar ritmos musicais, mas nada preparou a platéia para o que se seguiu. Após uma breve pausa, Santaolalla invadiu o palco com mais outros seis instrumentistas, a sua banda Bajofondo, para tocar uma mistura inovadora e harmônica de tango, música clássica, rock e hip hop, sempre com fortes batidas eletrônicas e efeitos sonoros sintetizados. A performance contou também com um espetáculo de luz que, sincronizando com as batidas dançantes de Santaolalla, transformou o Canecão em uma boate. Na última canção do repertório, a platéia, convidada pelo próprio artista, ocupou o palco, terminando o show em êxtase.
No sábado, Santaolalla iniciou sua palestra na PUC informando a platéia de sua falta de habilidade com palavras. "Meu negócio é música, não palestras", brincou. Carismático, o compositor falou de sua trajetória musical e do início da carreira no cinema. Segundo ele, começou a tocar violão aos 5 anos, se destacando pelo excelente ouvido e pela indisciplina. Aos 11, formou sua primeira banda. A primeira trilha sonora que compôs foi para o filme Amores Brutos (Amores Perros - 2000), de Alejandro González Iñárritu, diretor com quem trabalha até hoje. "Sou muito seletivo com os projetos com os quais me envolvo. Não basta minha música ser ótima; o filme todo precisa sê-lo", disse.
Atualmente, ele trabalha na trilha sonora de On the Road, adaptação do livro de Jack Kerouac, rodada por Walter Salles, com quem o músico trabalhou em Diários de Motocicleta (2004). Para compor, Santaolalla afirma estar sempre atento aos novos rumos da música contemporânea.
- Quando componho, procuro fazer arte, inovando e experimentando. Mas sobretudo quero me divertir, porque esse trabalho só faz sentido se for prazeroso, concluiu.
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Edição nº 186
