Desde dezembro, um grupo de alunos de graduação de Direito se reúne ao menos uma vez por semana para estudar. Sobre a mesa redonda, cadernos, livros, papéis, sanduíches e laptops fazem parte dos encontros, que chegam a durar a tarde inteira, mesmo durante as férias. Toda essa perseverança teve como objetivo levar a PUC à 13ª Competição de Julgamento Simulado do Sistema Interamericano de Direitos Humanos, em Washington DC, nos EUA. O estudo foi recompensado com a primeira vitória da PUC no Concurso Nacional Sistema Interamericano de Direitos Humanos, que lhes rendeu a passagem paga para a competição em Washington, entre os dias 18 e 23 de maio.
O grupo Simulações e Realidade: Grupo de Pesquisa sobre o Sistema Interamericano de Direitos Humanos existe desde 2003 e surgiu da união entre o Núcleo de Direitos Humanos (NDH) e o Setor Jurídico do Núcleo Interdisciplinar de Meio Ambiente (Nima-Jur). São alunos de vários períodos do curso que desejam juntar a teoria aprendida em sala de aula à experiência prática. Ao explicar por que decidiram abrir mão do tempo livre para se dedicar às simulações, a resposta é unânime: “Se aprofundar no estudo dos Direitos Humanos”. Além disso, segundo a aluna Celina Beatriz de Almeida, do 9º período, os encontros também complementam as aulas: “Essas simulações são um tipo de atividade que não é comum, é a única que eu conheço no curso”, diz Celina.
Chuqui é o país fictício da competição deste ano. Este Estado em desenvolvimento iniciou seu processo de industrialização durante a década de 1990, época em que recebeu, entre outras, a indústria Androwita S.A. Acusada por várias doenças causadas pela contaminação do mercúrio, a empresa é processada, mas a multa é considerada insuficiente pela ONG Por Um Mundo Limpo. Este é o caso hipotético apresentado este ano pela comissão internacional, que os alunos estudam desde o final do ano passado com a ajuda das coordenadoras do projeto, a Coordenadora Acadêmica do NDH, Carolina Melo, a Coordenadora do Nima-Jur, Danielle Moreira, e a Coordenadora de Publicações do NDH, Raquel Herdy.
Na primeira etapa, a equipe apresentou por escrito dois posicionamentos, um representando o Estado de Chuqui e o outro a Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Em Washington, a PUC vai simular apenas o segundo papel, por escrito, e oral, diante de uma banca. Segundo as orientadoras, não se trata apenas de expor o caso, os alunos são questionados durante a apresentação e, para isso, devem estar muito bem preparados.
Na etapa nacional, todo o grupo participou, mas apenas dois integrantes vão para a competição internacional. A escolha dos participantes será no dia 16 de abril, quando eles vão apresentar o mesmo caso da competição para uma banca. A orientadora Carolina Melo defendeu a simulação como metodologia de estudo:
– Os alunos ficam entusiasmados porque vêem o Direito sendo aplicado de uma forma diferente de como o ensino é geralmente feito, ou seja, vinculado à posição passiva do aluno em relação ao conteúdo. Essa é uma metodologia muito interessante que faz da PUC até hoje uma referência nacional, afirma Carolina.
Edição 197