Em tempo de ditadura, a situação da imprensa foi bem delicada. Para falar das dificuldades sofridas pelos meios de comunicação durante os anos de censura, jornalistas participaram, ontem, na PUC, do ciclo de debates A Imprensa em 1968.
A primeira mesa, sobre imprensa alternativa, reuniu Claudius Ceccon, um dos criadores de O Pasquim, Maria Paula Araújo, historiadora da UFRJ, e Ana Arruda, editora-chefe de O Sol, jornal criado em 1967, que durou apenas poucos meses.
– Queríamos renovar tudo: títulos, manchetes, leads. Derrubar todas as prisões, inclusive as técnicas. Era muito atrevimento. Não podia durar muito. A imprensa alternativa é, por natureza, efêmera, afirmou Ana Arruda.
Se Ana lutou contra a ditadura por meio do texto, a arma de Claudius Cecon era a charge. Segundo Claudius, não há nada mais contra o humor do que a ditadura: “O humor é extremamente corrosivo. Revela a verdadeira natureza por detrás dos fatos”, disse ele.
Para a historiadora Maria Paula Araújo, a imprensa alternativa representou a possibilidade de ação política em uma esfera de semi-legalidade.
– Ela reaglutinava militantes políticos. Era uma forma de se lutar contra a ditadura sem pegar em armas, disse Maria Paula.
O segundo debate do dia contou com a presença de Pery Cotta, do Correio da Manhã, José Silveira, do Jornal do Brasil, e Luís Edgar de Andrade, que cobriu independentemente a guerra do Vietnã. Os convidados compararam o clima das redações e a temática da cobertura jornalística.
– Os jornais hoje estão muito mais preocupados com os negócios e o lucro. Antigamente eram mais engajados, lamentou Pery Cotta.
José Silveira também comentou o estranhamento com os jornais atualmente: “As redações de hoje parecem UTI de hospital. Ninguém fuma e a limpeza é total."
O ciclo de palestras continua na próxima segunda-feira, 26, com mais dois debates: às 9h e às 11h.
Plantão - Edição 199