Conseguir informações sobre a área criminal sem manter relações promíscuas com policiais ou bandidos. Decidir se agrada o leitor ou o irrita com as inúmeras notícias sobre violência. Cumprir seu papel de informar, sempre com responsabilidade social. Saber que nenhuma matéria no mundo justifica a morte de qualquer pessoa. Na manhã do dia 20 de março, o jornalista Jorge Antonio Barros, editor-adjunto da Editoria Rio do Globo, discutiu com alunos da PUC estas e outras questões que envolvem o campo do chamado jornalismo criminal.
Os jovens aspirantes a repórteres puderam ouvir um panorama sobre a área e fazer perguntas sobre o dia-a-dia da profissão. O encontro foi uma aula aberta promovida pelo site Estação Pilha e pelo programa Revista Jovem, do Núcleo de Rádio do Projeto Comunicar.
– Não se fala mais em nomes de facções criminosas, para que os bandidos não se sintam representados e se fortaleçam. Os jornalistas mudaram suas relações com as fontes, evitam ouvir bandidos, certificam-se de que autoridades não dão informações falsas e precisam ter muita responsabilidade sobre tudo que escrevem, afirmou Barros, ratificando as mudanças provocadas pelo crescimento da violência dos últimos anos.
A indiferença da população quanto à morte de policiais no estado do Rio de Janeiro também foi colocada como uma preocupação pelo jornalista, já que a maioria das notícias veiculadas nos jornais só mostra os problemas e as corrupções do setor. Ele conta que já se esforça para mostrar o outro lado das corporações, principalmente no seu blog Repórter do crime.
– A primeira grande dificuldade em se dar notícias favoráveis à polícia é que existe um descrédito muito grande em relação a ela: é vista como o uso da força. Infelizmente os que estão encarregados em divulgar suas ações, não sabem dar as notícias. Se soubessem, teriam uma infinidade de coisas boas para dizer. A dificuldade é que o jornalista tem tanta coisa para fazer que esta pauta fica para um segundo plano, explicou.
Ao afirmar não ser possível um jornalismo imparcial, Jorge Barros ressaltou a importância de não ser afoito, tanto para garantir a sua segurança e a de suas fontes, como para não correr o risco de divulgar informações falsas e acusações injustas.
– Não podemos defender a barbárie, temos que defender a civilização. Vive-se o dilema entre satisfazer plenamente o leitor ou irritá-lo. Temos também que tirá-lo da área de conforto. O jornal tem um papel social importante, mostrar o extraordinário e, por meio da notícia, melhorar alguma coisa, disse.
Edição 184