“Em nome do Estado, pelos poderes legais e constitucionais que nos estão conferidos, pedimos desculpas por toda essa tristeza e por todo esse sofrimento”. A foto escolhida para ilustrar o artigo retrata o momento no qual Paulo Abrão Pires Júnior, presidente da Comissão de Anistia e doutor em Direito pela PUC-Rio, durante a sessão solene de apreciação dos pedidos de reparação realizada no Auditório do RDC, profere a simbólica frase na qual o Estado brasileiro concede o direito à reparação e pede desculpas públicas e oficiais pelos erros cometidos no passado para mais uma família vítima da repressão seguida ao golpe-civil militar.
A 61ª Caravana da Anistia, realizada no campus da PUC-Rio entre os dias 14 a 17 de agosto de 2012, fez parte da “Conferência Internacional Memória: América Latina em perspectiva internacional e comparada”. As Caravanas de Anistia pretendem ser um espaço de construção do direito à memória e à verdade por meio de sessões públicas itinerantes de avaliação dos pedidos de reparação moral e econômica de perseguidos pelo regime militar.
Mas como reparar o irreparável? Como relembrar histórias de dor e sofrimento que não cabem em palavras? Como reviver o luto de uma grande perda? Os testemunhos de perseguidos políticos, familiares e seus procuradores compartilhados publicamente são poderosos instrumentos de luta e de ação no presente para esclarecer episódios controversos e relembrar o que não deve ser esquecido. As palavras assumem a função de suportes da memória afetiva e familiar diante da ausência e do desaparecimento de um ente querido.
A PUC-Rio consciente da importância para a abertura ao debate das tensões e contradições que marcam a sociedade brasileira, acolheu a Caravana da Anistia em seu campus por acreditar que a democracia é construída no diálogo e na defesa da livre expressão sobre os erros cometidos no passado para que eles não venham a se repetir no futuro. O direito à verdade e à justiça é condição fundamental na luta contra o esquecimento.
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