O título deste artigo pode parecer estranho, mas é verdadeiro. A PUC-Rio é uma universidade pontifícia, ou seja, instituição estabelecida por e diretamente sob a autoridade da Santa Sé. Como o Papa Francisco vem chamando a atenção de toda a Igreja para a necessária coerência com os valores que a inspiram, sem dúvida ele também questiona e desafia a nossa PUC-Rio.
À luz do que o Papa Francisco vem reforçando em suas palavras e atitudes, a universidade pode se questionar se esses mesmos valores estão de fato presentes na formação dos futuros profissionais.
Para o Papa Francisco, há que ser pobre e trabalhar para os pobres, e “os pobres não podem esperar”. Na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, faz uma crítica ao suposto crescimento econômico estimulado por um livre mercado, o que inevitavelmente produz maior desigualdade e exclusão social.
Segundo Francisco, “Assim como o mandamento ‘não matar’ põe um limite claro para assegurar o valor da vida humana, assim também hoje devemos dizer ‘não a uma economia da exclusão e da desigualdade social’. Esta economia mata”.
Uma posição tão contundente como essa deveria provocar, no mínimo, uma análise crítica da própria universidade – entenda-se cada departamento – sobre a linha a partir da qual os seus jovens vêm sendo formados e as maneiras pelas quais discussões como essas podem ser cada vez mais incorporadas às aulas e às atividades de pesquisa e de produção de conhecimento.
Hoje, somente poderia se chamar de “pontifícia” uma universidade que se questione permanentemente sobre seu papel e seu resultado concreto ao formar profissionais a partir de uma determinada ética humanista e baseada na justiça, equidade e inclusão social.
A universidade pontifícia que não fizesse isso de forma sistemática, e simplesmente se limitasse a formar profissionais de sucesso para o mercado, não teria diferencial algum com relação a outras tantas instituições de ensino superior de nosso país.