Ibsen escreveu 25 peças, e eternizou personagens como a Nora, de Casa de boneca, o Dr. Stockmann, de O inimigo do povo, e o Peer Gynt, da peça homônima. De diferentes maneiras, os três se defrontam com questões existenciais marcantes na obra de Ibsen. Peer Gynt, por exemplo, é questionado pelo fundidor de almas, que o encontra numa encruzilhada, a dizer quando ele foi ele mesmo. "Você fracassou em ser você mesmo", diz o fundidor. O Dr. Stockmann, na última cena de O Inimigo do Povo, descobre que o homem mais forte é aquele que está mais só.
E a solidão marcou a vida de Ibsen. "Quase ninguém tinha intimidade com ele. Quando Edvard Grieg o visitou, ficou surpreso com o distanciamento do escritor", contou Jan Gerhard Lassen, embaixador norueguês, durante a palestra em que lembrou o compositor da música incidental de Peer Gynt. "Ibsen permanece atual por ter sido capaz de perceber os assuntos universais, como a relação entre os sexos. Ele foi até o fundamental", destacou Lassen.
Para Karl Erik Schollhammer, professor dinamarquês da PUC-Rio e tradutor de Ibsen no Brasil, o escritor não era atormentado pelos mesmos remorsos de suas personagens: "Ele era um grande observador da subjetividade que estava por se definir na mentalidade ocidental." Um século após sua morte, Ibsen permanece uma referência no teatro mundial, e a obra do dramaturgo norueguês continua viva, hoje e sempre.
Edição 181