Ibsen, hoje e sempre
15/12/2006 15:10
Caio Barretto / Foto: Reprodução

Há cem anos o poeta e dramaturgo norueguês Henrik Ibsen deixava o mundo. O autor de Peer Gynt, O Inimigo do povo e Casa de boneca, além de outras 22 peças, foi lembrado na PUC-Rio no encontro Cem anos sem Ibsen.

Cem anos não foram suficientes para que a obra de Henrik Johan Ibsen fosse esquecida. No ano que marca o centenário da morte do poeta e dramaturgo norueguês, festivais de teatro e montagens em todo o mundo levaram aos palcos sua dramaturgia realista e moderna, e, na PUC-Rio, o autor de Peer Gynt também foi lembrado. O encontro Cem anos sem Ibsen, organizado pelo Departamento de Letras e pelo Decanato do Centro de Teologia e Ciências Humanas (CTCH), no dia 29 de novembro, percorreu a vida e a obra de um dos ícones da história do teatro, com palestras, leituras e debates.

Ibsen escreveu 25 peças, e eternizou personagens como a Nora, de Casa de boneca, o Dr. Stockmann, de O inimigo do povo, e o Peer Gynt, da peça homônima. De diferentes maneiras, os três se defrontam com questões existenciais marcantes na obra de Ibsen. Peer Gynt, por exemplo, é questionado pelo fundidor de almas, que o encontra numa encruzilhada, a dizer quando ele foi ele mesmo. "Você fracassou em ser você mesmo", diz o fundidor. O Dr. Stockmann, na última cena de O Inimigo do Povo, descobre que o homem mais forte é aquele que está mais só.

E a solidão marcou a vida de Ibsen. "Quase ninguém tinha intimidade com ele. Quando Edvard Grieg o visitou, ficou surpreso com o distanciamento do escritor", contou Jan Gerhard Lassen, embaixador norueguês, durante a palestra em que lembrou o compositor da música incidental de Peer Gynt. "Ibsen permanece atual por ter sido capaz de perceber os assuntos universais, como a relação entre os sexos. Ele foi até o fundamental", destacou Lassen.

Para Karl Erik Schollhammer, professor dinamarquês da PUC-Rio e tradutor de Ibsen no Brasil, o escritor não era atormentado pelos mesmos remorsos de suas personagens: "Ele era um grande observador da subjetividade que estava por se definir na mentalidade ocidental." Um século após sua morte, Ibsen permanece uma referência no teatro mundial, e a obra do dramaturgo norueguês continua viva, hoje e sempre.

 

Edição 181