Celebração de um mestre dos contos
22/09/2014 17:25
Arthur Macedo

Escritor argentino Julio Cortázar faria cem anos em agosto

Em 26 de agosto de 1914, a mais de 10 mil quilômetros da Argentina, nascia o escritor argentino Julio Cortázar, dono de uma das narrativas mais importantes da história latino-americana. Filho de pai diplomata, Cortázar nasceu na embaixada argentina de Bruxelas durante uma viagem de negócios dos pais. Somente quatro anos mais tarde, foi morar em Buenos Aires. Em homenagem ao centenário do escritor, a PUC promoveu a mostra Cortázar e o Cinema.

Formado em Letras, Cortázar tem como uma das características singulares a forma em que explorou as possibilidades do conto como gênero literário. Segundo a professora de Comunicação Social da PUC Denise Lopes, uma das organizadoras da exibição, Cortázar revolucionou a forma de escrever o conto.

– A obra dele transcende o tempo. Um aluno de 20 anos, no século XXI, no Brasil, lê Cortázar e se maravilha por conta do ritmo, da dúvida – diz.

A professora de Letras da USP Ana Cecília Olmos, especialista em literatura e cultura hispano-americana, explica que Cortázar leu grandes mestres do conto da literatura ocidental e latino-americana, como o americano Edgar Allan Poe e o argentino Jorge Luis Borges, e trabalhou sobre essa forma narrativa, na linha do relato fantástico, no sentido de renovar estruturas e temas.

– Considero que esse aspecto de sua obra foi o mais relevante. De fato, quando se trata de pensar a narrativa breve na literatura latino-americana, a referência a Cortázar é inevitável. Outro traço importante de sua escrita diz respeito a certo tom coloquial – afi rma.

A presença de humor e ironia é um traço nos trabalhos do autor, o que torna instigante as leituras dos contos até hoje. Um dos livros mais importantes do autor argentino, O jogo da amarelinha, até hoje alimenta o imaginário da literatura latino-americana. Cortázar, com essa obra, criou uma forma de romance que é modelo para se pensar o próprio romance moderno.

O professor do Instituto de Letras da UFF Adalberto Müller destaca o elemento do estranho como componente marcante na obra do escritor. Isso cria, segundo Müller, o que se qualifi ca de fantástico dentro da obra.

Cortázar morreu em Paris, onde morava, em 12 de fevereiro de 1984. Ele desenvolveu uma depressão após a morte da última esposa, Carol Dunlop, dois anos antes. Há controvérsias em relação à causa da morte. Enquanto se acreditava que ele morreu de leucemia, uma amiga do escritor, a jornalista uruguaia Cristina Rossi, afi rmou, em entrevista à revista Ñ, do jornal Clarin, em fevereiro deste ano, que ele morreu de Aids.

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