A esperança pelos caminhos da ética
08/06/2015 18:59
Pe. Josafá Carlos de Siqueira, S.J.

Reitor comenta sobre a nova abordagem ética da Encíclica do Papa Francisco, que sairá nos próximos meses, abordando as questões socioambientais

As dificuldades de consenso sobre as grandes questões socioambientais que afetam a vida do planeta, o equilíbrio dos ecossistemas e as relações com a sociedade têm sido uma constante nas grandes conferências, em especial sobre as mudanças climáticas. A próxima conferência em Paris parece ser uma chance oportuna para que as metas futuras sejam traçadas, em um consenso solidário e responsável, quebrando barreiras e enfrentando uma problemática que afeta toda sociedade mundial presente e futura.

No entanto, além das discussões técnicas e políticas, que muitas vezes dificultam os consensos, é fundamental uma abordagem mais ética, onde aspectos humanísticos e religiosos estejam presentes, clamando por valores que transcendem os enfoques ideológicos, que, nos últimos anos, têm gerado dissensos entre os representantes das nações e de setores da sociedade civil. Neste sentido, nasce uma esperança na nova abordagem ética da tão esperada Encíclica do Papa Francisco, que sairá nos próximos meses, abordando as questões socioambientais. Certamente, este documento terá um impacto grande na mídia e nas discussões preparatórias para a Conferência COP 21, em Paris, chamando a atenção sobre a dignidade da Criação, a necessidade de repensar valores e comportamentos, a preocupação com o mundo dos pobres que mais sofrem os efeitos das mudanças climáticas, e a responsabilidade de todos como guardiães dos bens colocados em nossas mãos pelo Criador.

Temos esperança de que os caminhos da ética, propostos pelo Papa Francisco, possam trazer um novo horizonte de profundidade, iluminando as discussões técnicas e as decisões políticas, e superando os impasses sobre as questões relevantes. Somente uma espiritualidade inspiradora é capaz de tocar as mentes e corações das pessoas que têm poderes decisórios, percorrendo transversalmente as diversas abordagens, e atendendo o clamor de povos e nações que já experimentam as consequências dos desequilíbrios ambientais e sociais. A experiência tem nos mostrado que, além do enfoque científi co, é necessária uma visão ética, humanística e religiosa sobre os grandes problemas da humanidade, em escala local e global.

Cheios desta esperança é que aguardamos a chegada desse novo enfoque, na certeza de que o seu impacto atingirá não somente o mundo das diferentes religiões, mas também todas as instâncias culturais e educacionais que, cansadas dos dissensos e da falta de soluções concretas e corajosas, aguardam uma nova postura que possa iluminar os debates e construir consensos sobre as questões vitais para o futuro da humanidade.

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