No dia de 30 de outubro de 2021, comemoraremos os 81 anos da PUC-Rio, motivo de orgulho para todos nós que aqui trabalhamos, estudamos e pesquisamos. Historicamente, a PUC-Rio foi sendo construída baseada no princípio de que a Universidade é uma casa comum de todos aqueles que nela trabalham e estudam. Se a imagem de casa comum é hoje empregada para designar o planeta em que vivemos, esta analogia pode ser utilizada também para manifestar o sentimento de todos aqueles que se sentem parte de uma instituição comunitária que, além de prestar um serviço público à sociedade, mantém uma forte cultura de pertencimento.
Se somos uma casa comum, é dever de todos cuidar, zelar e preservar este patrimônio que ao longo da história foi sendo construído para fazer a diferença no ensino e na pesquisa no Brasil. A grande maioria dos que integram esta casa comum universitária, no passado e no presente, soube colocar os seus dons e talentos em função de uma missão comum. A estrutura departamentalizada dos diferentes saberes científicos, com suas autonomias e dinâmicas diferenciadas, está profundamente vinculada ao modo de ser e proceder dos estatutos que regem a casa comum. Todos participam do bem comum da instituição, procurando coletivamente zelar pelo nome e princípios que norteiam o nosso ethos institucional. A primazia do bem comum, para aqueles que estão vinculados à Universidade, deve estar acima dos interesses pessoais. As posturas singulares não podem estar em dissonância com o bem maior dos valores orientadores do marco referencial da instituição.
Em situações especiais, como a pandemia que estamos vivendo, é muito importante que zelemos pelo bem comum da Universidade, evitando que situações particulares possam comprometer a comunidade universitária da PUC-Rio. Daí a importância de cumprir os protocolos sanitários, pensando no bem de todos que cotidianamente circulam pelo campus universitário.
Afortunadamente, a nossa casa comum universitária está construída entre as cinco pontes que interligam não só os nossos edifícios, mas também os nossos saberes e as pessoas que diariamente circulam nos diferentes espaços do campus universitário. Estar ligado entre pontes tem um significado antropológico e acadêmico, indicando que as conquistas só podem ser realizadas se somos capazes de fazer a travessia de um lado para o outro. Humanamente, as pontes quebram barreiras, permitem ver o outro lado e não nos deixam aprisionados apenas de um lado da margem. São elas que nos ajudam a fazer as travessias para buscar o que existe de diferente nas pessoas e nas realidades sociais. Passar pelas pontes é buscar complementar o que falta em nós e na missão que temos em comum.
Academicamente, as pontes de nosso campus interligam os espaços de construção de saberes, não permitindo o ensimesmamento, tanto das ciências como das pessoas que constroem e divulgam seus conhecimentos científicos. As pontes são sinais de desejo de construir interdepartamentalidade e interdisciplinaridade, contribuindo para a construção de processos sistêmicos. As pontes permitem ampliar a vivência cultural, as partilhas interpessoais e as trocas de afetos, independente das diferenças e das opções pessoais e profissionais. Ter uma casa comum universitária, permeada por um rio e pontes integradoras, é um privilégio daqueles que mantêm vínculos históricos e afetivos com a PUC-Rio. Cuidemos da casa comum e preservemos o significado simbólico de nossas pontes, pois elas nos ajudarão a vencer as barreiras e dificuldades, abrindo-nos caminhos para um futuro de quem sabe atravessar pontes com sabedoria.
Padre Josafá Carlos de Siqueira, S.J. – Reitor da PUC-Rio