A infinidade de formas e expressões, a individualidade e identidade contidos no rosto humano foram temas discutidos no dia 8 de março, no Auditório Del Castilho (RDC). Referência na área dos estudos sobre o corpo, Professor David Le Breton foi recebido pela Universidade para uma palestra sobre a sua obra. O sociólogo e antropólogo da Universidade de Estrasburgo, França, já esteve na PUC-Rio em outras oportunidades.
A apresentação foi organizada pelo Instituto de Estudos Avançados em Humanidades (IEAHU), criado em 2009 pelo Centro de Teologia e Ciências Humanas (CTCH), e desde então atua em parceria com o Centro de Ciências Sociais (CCS). O objetivo é estimular projetos, pesquisas e ações dos departamentos, e também oferecer encontros com a participação de professores externos, com o objetivo de fomentar reflexões e trazer informação de fontes variadas para o campus.
Le Breton discorreu sobre o papel que o rosto desempenha na humanidade, por meio de reflexões sobre individualidade, responsabilidade e os sentimentos que eles podem instigar, como o amor. Também abordou a questão da privação da face, e explicou que, do ponto de vista antropológico, ataques que causam a deformação do rosto partem do princípio da desumanização do outro, a partir da “negação” de um rosto.
- Do rosto da criança ao do idoso há uma continuidade exclusiva, nunca desmentida. A metamorfose constante do rosto permanece fiel ao ar de semelhança, e exprime a singularidade da pessoa do nascimento até a morte. Perder a face em práticas de racismo ou desfiguração é perder a existência, na medida em que perder a face é profanar o centro de si mesmo. Ao inverso, o amor ou o reconhecimento inventam uma face a outro, que só poderá ser destruído por uma mudança no olhar que o construiu. A face é o lugar de encarnação da identidade.
A professora Denise Portinari, do Departamento de Artes & Design, foi a mediadora da palestra e contou que as criações do acadêmico francês foram traduzidas em grande escala no Brasil. Ela afirmou que se identifica com a produção do autor, e considera o ensaio muito importante para pensar questões do corpo e da atualidade.
- É uma obra que tem uma carga poética, que lança a mão de muitos elementos, e mudou os contornos dos estudos sobre o corpo, porque, na verdade, se trata do presente. Tem uma dosagem da modernidade e do contemporâneo, através do fio condutor, que é o corpo.