Expoentes dos séculos XVI e XVII
05/11/2012 15:01
Pe. Pedro Magalhães Guimarães Ferreira, S.J.

Série Jesuítas na Ciência - 3

São Roberto Bellarmino: Italiano (1542 – 1601). Foi teólogo, e dos mais importantes da Igreja no seu tempo, sendo “Doutor da Igreja”. Não vou discutir se teólogos devem ou não fazer parte de um elenco de cientistas. Mas independentemente disso, ele foi também filósofo de valor, como costumam ser os melhores teólogos cujos trabalhos versam sobre a doutrina (que foi o seu caso) ou sobre a moral. (Tal não seria o caso, normalmente, entre os exegetas e outros). Seus livros argumentavam com vigor pela Igreja Católica, o que fez que a Rainha Elisabeth I proibisse a venda deles em território britânico sob pena de morte. Dono de uma memória prodigiosa, era capaz de decorar um texto de uma hora de leitura em público, lendo-o apenas uma vez. Amigo de Galileu, procurou ajudar o cientista no seu julgamento pela Inquisição.

 

Christopher Scheiner: Alemão (1575 – 1650). Matemático, físico e astrônomo. Teve uma longa controvérsia com Kepler e também (menor) com Galileu. Descobriu as manchas do sol independentemente de Galileu e explicou a forma elíptica do sol quando perto do horizonte, devido à refração, descoberta que foi também de um outro jesuíta, Grimaldi. Ele mediu a inclinação do eixo de rotação das manchas solares com relação ao plano da eclíptica, obtendo um valor que ficou distante apenas alguns minutos do valor que se obtém com medidas atuais.   Mostrou que a retina é a sede da visão. Inventou o pantógrafo, muitíssimo usado daí para frente a fim de aumentar o tamanho das curvas. Organizou muitos debates públicos a respeito dos sistemas do universo.

 

Grégoire de Saint-Vincent: Belga (1584 – 1667). Matemático. É considerado um dos fundadores da Geometria Analítica, fato frequentemente atribuído exclusivamente a Descartes. (Ele foi contemporâneo de Descartes, sendo 12 anos mais velho). Ele usou um método para transformação de uma curva “cônica” em outra, chamado “método das cordas”, tendo aí um germe da Geometria Analítica.  Fundou uma famosa Escola de Matemática em Antuérpia. Descobriu que a área sob um hipérbole retangular (cuja equação é xy=k) é a mesma para os intervalo [a , b] e [c , d] se a/b = c/d. Esta descoberta foi fundamental no desenvolvimento da teoria dos logaritmos, levando ao reconhecimento do logaritmo natural. Descobriu vários teoremas na sua tentativa de solucionar o chamado problema da “quadratura do círculo”, isto é, de encontrar um quadrado com área exatamente igual a um círculo, problema que foi demonstrado não ter solução muito tempo depois, ao final do século XIX. Ele escreveu dois livros sobre este problema, num total de 2.000 ou 3.000 páginas. Fez vários trabalhos de geometria utilizando infinitésimos, algo muito novo na época. Usou muito na geometria o chamado “método da exaustão”, termo criado por ele, para calcular a área de uma figura plana por polígonos inscritos, cujo número de lados tende para o infinito. Criou também um método de “fatiamento” usado  no estudo dos sólidos. Ao contrário de Arquimedes, que ia dividindo distâncias até se atingir um tamanho mínimo, Gregório permitia este processo de divisão continuar ad infinitum, obtendo uma série geométrica que era infinita. Gregório foi o primeiro a aplicar a série geométrica ao famoso paradoxo de Zenão (corrida entre Aquiles e a tartaruga), olhando o paradoxo como um problema de soma dos termos de uma série infinita, sendo assim o primeiro a determinar o momento exato em que Aquiles alcança a tartaruga. Sua explicação do paradoxo foi recebido favoralmente por Leibniz e outros mais de um século depois.

 

Pe. Pedro Magalhães Guimarães Ferreira, S.J.

Presidente da Mantenedora

 

 

 

 

Edição 263

 

 

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