Eugênio Sales era um homem inteiramente entregue à tarefa que a Igreja lhe confiou: primeiro em Natal, a sua terra de origem, depois em Salvador e finalmente no Rio. E, segundo ele, essa tarefa significava não apenas ser fiel à Igreja e ao Papa, mas, sobretudo, ao espírito de amor que constitui a alma do cristianismo. Dom Eugênio ficou conhecido, não apenas por ser um homem prudente, reto, sempre atento e educado, mas por ser um homem que, silenciosa e espontaneamente, saía ao encontro dos pobres e dos mais necessitados. Quando estava ainda em Natal, foi um promotor no Brasil das “Rádios Populares” que tinham surgido na Colômbia. Já naquele tempo promoveu o diaconato permanente de pessoas casadas porque desse modo se poderia prestar um melhor serviço ao povo de Deus. Foi também um dos promotores das Comunidades Eclesiais de Base, consideradas hoje a “vanguarda” da Igreja! Foi um dos fundadores da popular e anual “Campanha da Fraternidade. Ficou também conhecido por ter sempre uma porta aberta para acolher a refugiados e perseguidos por motivos políticos. Detrás da sua aparente timidez, do seu semblante um tanto severo, da sua conhecida fidelidade ao Sumo Pontífice e à doutrina da Igreja, escondia-se um homem bom, sensível, inspirado sempre pelo espírito de amor e de serviço que constitui a essência do cristianismo.
Francisco Ivern, S.J.
Vice-Reitor da PUC-Rio e
representante da Reitoria na AaA
Edição 258