O Edifício Cardeal Leme
13/04/2012 16:30
Silvia Ilg Byington e Clóvis Gorgônio / Foto: Fotógrafo desconhecido

Coluna do Núcleo de Memória da PUC-Rio

 

O primeiro edifício do campus da Gávea inaugurado
em 1955 e batizado, em 1968, como Cardeal Leme

Percorrer o campus da Gávea para identificar sua toponímia e, a partir dela, construir um mapa da memória inscrita em seus espaços nos desafia a compreender a densidade da trama que tece a memória.

De início, uma questão se impôs. Qual seria o primeiro registro deste mapa simbólico do campus? A primeira edificação inaugurada ou o espaço consagrado àquele que, na história da Universidade, ocupa o lugar de fundador? Decidimos que o mapa deveria percorrer as sete décadas de história da PUC-Rio e sublinhar aqueles nomes que, por distintas razões, são representativos de cada uma delas.

O percurso é iniciado com o Cardeal Dom Sebastião Leme de Silveira Cintra. Bispo Auxiliar e Cardeal Arcebispo do Rio de Janeiro de 1911 até sua morte em 1942, Dom Leme teve atuação política destacada em âmbito nacional e como líder dos grupos católicos nas décadas de 1920 e 1930. Criou entidades que pretendiam organizar a participação dos católicos na vida pública, como a Ação Católica Brasileira, a Liga Eleitoral Católica e, especificamente no campo intelectual, o Centro Dom Vital e o Instituto Católico de Estudos Superiores.

No início da década de 1930, ganhou força o projeto, idealizado por ele e pelo padre Franca S.J., de fundação de uma universidade que, em compasso com o tema da direção intelectual da sociedade brasileira e com os objetivos de reforma social defendidos pela Igreja naquele momento, deveria atuar em âmbito nacional. Em 1940 aprovaram-se os Estatutos das Faculdades Católicas, criadas para constituirem-se em uma “Universidade Católica para o Brasil.”

O Cardeal Leme empresta seu nome, desde 1968, ao primeiro edifício construído no campus da Gávea, prédio inaugurado bem antes desta data, em 17 de julho de 1955. A inauguração foi parte da programação oficial do 36º Congresso Eucarístico Internacional do Rio de Janeiro e está bem documentada pelo programa oficial do Congresso e por fotografias e matérias na imprensa carioca que identificam o prédio com o próprio campus universitário. Outro registro da solenidade fundadora, este inscrito no próprio edifício, é uma placa com dizeres em latim instalada no pilotis, acima de um dos elevadores do Leme. No Anuário de 1955 o fato é registrado por fotografias e pelo histórico que identifica os primeiros órgãos acadêmicos e administrativos a ocupar o Edifício Central que, após a inauguração do Edifício da Amizade, em 1965, passou a ser reconhecido pela comunidade como “o prédio velho”.

Da homenagem prestada em 1968 ao Cardeal, provavelmente pelos 25 anos de sua morte, não foram encontrados registros. Os indícios que nos levam a essa data são as primeiras referências ao Edifício Cardeal Leme, citado no precioso Anuário de 1968 como endereço dos novos departamentos, laboratórios e demais unidades criadas pela Reforma Universitária implementada na PUC-Rio em 1967 e que veio consolidar a implantação de um novo modelo de Universidade.

A rede de temporalidades de que é feito o mapa sugerido indica que a memória se constrói no presente pelo entrelaçamento de espaços e tempos, de indivíduos e coletividades, de identidades e projetos, de lembranças e esquecimentos.

Silvia Ilg Byington e Clóvis Gorgônio
Núcleo de Memória da PUC-Rio

 

Edição 253

Mais Recentes
Entre a ação e a cooperação: a Associação dos Funcionários da PUC-Rio
Antônio Albuquerque e Eduardo Gonçalves, do Núcleo de Memória da PUC-Rio, abordam as mudanças na forma de organização dos funcionários das instituições de ensino superior após a Reforma Universitária, e refletem sobre a criação da AFPUC
A História é mestra da vida
O Conselheiro da Associação dos Antigos Alunos da PUC-Rio, Paulo Eugênio de Niemeyer, aborda a influência do passado na vida humana e os novos comportamentos nos ambientes sociais
Educar para a Justiça: um olhar sobre a Pedagogia Inaciana
A pedagogia inaciana é tema de artigo da professora Alessandra Cruz, do Departamento de Comunicação Social da PUC-Rio