Segundo o professor do Departamento de História Antonio Edmilson Martins Rodrigues, o museu é importante para a história brasileira, pois guarda memórias do Império e dos trabalhos científicos realizados naquela época. O instituto faz parte das instituições criadas pela Corte para aumentar a produção cultural e econômica no país.
– Reúne, por exemplo, os trabalhos que decorreram das viagens de D. Pedro II ao Egito. É a marca não só da memória da nação, mas da própria Família Real – explicou.
O Museu Nacional, assim denominado a partir do período de D. Pedro II, já foi intitulado Real, com D. João VI, e Imperial, com D. Pedro I. Após a mudança da capital do Rio de Janeiro para Brasília, em 1946, o museu tornou-se unidade acadêmica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O prédio, dividido entre a parte do museu e a organização administrativa, também é área de realização de pesquisas e de cursos de pós-graduação da UFRJ.
Fundado no Campo de Santana, em 1818, o museu foi instalado no Paço de São Cristóvão, na Quinta da Boa Vista, em 1892. Para Antonio Edmilson, apesar de ser histórico no país, a população não tem consciência da importância do museu.
– A cultura de museu é falida. É uma coisa do século XIX, em que você guardava memórias. Hoje, você tem outros suportes, como a internet. Além disso, o acesso ao Museu Nacional é complicado – analisou.
O Paço de São Cristóvão foi residência da Família Real entre 1808 e 1821. Durante o período de 1889 a 1891, o lugar abrigou a Assembleia Constituinte Republicana. Segundo o professor, quando o museu foi instalado na Quinta, houve uma maior aproximação com a história dos imperadores portugueses no Brasil.
– Ser Museu Nacional significava reunir traços de uma história do Brasil ao lugar que foi a residência da família Real – explicou.
São seis departamentos, entre eles o de Arqueologia e de Geologia. Para a museóloga do Museu Nacional Thereza Baumann, ainda há carências que precisam ser resolvidas, como a falta de verbas para restaurações.
– Além das coleções, o prédio precisa ser restaurado. Precisamos recursos para construir novos edifícios, por exemplo, para abrigar os invertebrados e a parte de antropologia – comentou.
O museu é frequentado por famílias durante os fins de semana, que também podem aproveitar o espaço da Quinta da Boa Vista e ir ao Zoológico. E, ao longo da semana, o museu recebe visitas de diversas escolas da cidade.
Centro é referência no Brasil em cursos de mestrado e doutorado
Antropologia Social, Zoologia, Botânica e Arqueologia. Essas quatro áreas fazem parte dos cursos de pós-graduação do Museu Nacional. Desde a fundação, o museu mantém o caráter científico por meio de pesquisas e da pós-graduação. Os títulos de mestrado e de doutorado são dados pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), pois o museu é uma unidade acadêmica da universidade, vinculada ao Fórum de Ciência e Cultura.
Criada em 1968, a primeira pós-graduação do museu foi em Antropologia Social – também pioneira no país. Neste curso, os estudantes podem fazer pesquisas relacionadas a questões etnográficas, históricas e comparativas. Em 2012, essa pós-graduação ficou bem posicionada no ranking da avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), ao atingir a nota máxima.
Aluno do mestrado, em 1978, e do doutorado, em 1983, o antropólogo e professor do Departamento de Comunicação Social Everardo Rocha utilizou partes dos estudos realizados no museu para escrever os livros O que é etnocentrismo? e O que é mito?. O professor afirmou que na época era possível ser feito um estudo mais aprofundado, pois havia maior prazo de entrega dos trabalhos.
– Como o curso durava quatro anos, você tinha dois anos de aulas e dois anos para fazer a dissertação. E muitas vezes esse período era prolongado, pois as pessoas precisavam fazer trabalho de campo fora do Rio de Janeiro. Estudávamos muito. Hoje você faz mestrado e doutorado em seis anos. Na época, você fazia em dez. Você já vê a diferença por aí – analisou.
Entre os quatro cursos de pós-graduação do Museu Nacional, o mais recente é o de Arqueologia – o mestrado foi criado em 2006 e o doutorado em 2010. Esta pós-graduação tem três linhas de pesquisa: Povoamento do Território Brasileiro; Estudos de Cultura Material e Estudos Paleoambientais.
Desde 2012, o professor do Departamento de Geografia e Meio Ambiente Rogério Ribeiro de Oliveira é estudante de pós-doutorado em Arqueologia, no Museu Nacional. Oliveira realizou um estudo, denominado de Ilhas do Mar, sobre as ilhas Cagarras. A pesquisa teve parceria do museu, da PUC e da UFRJ. O professor afirmou que a escolha de fazer o curso no museu se deu por ser uma instituição clássica, de referência internacional.
– O curso de pós-graduação em Arqueologia é muito conceituado. O Museu Nacional, como um todo, também é. E essa escolha foi facilitada por eu já fazer pesquisas no museu – completou.
Edição 276