Mais de 80% das decisões de compra para o lar são tomadas por mulheres. É o que a pesquisa realizada pela agência J. Walter Thompson constatou em 2016. Entretanto, a presença feminina no Mercado Financeiro, tanto em relação a investimentos como no setor profissional, ainda busca maior equiparidade de participação entre os sexos.
Selva! Esse foi o adjetivo usado por Ana Flávia Oliveira, economista chefe de uma empresa dedicada à gestão de ativos, para caracterizar o Mercado Financeiro. Predominantemente masculino, o ambiente de investimentos tem cativado, de forma gradual, a parcela feminina da população. Ana esteve na PUC-Rio na segunda-feira, 25, com Patrícia Amorim, gerente de Recursos Humanos de uma plataforma de investimentos alternativos, para conversar com estudantes da Universidade sobre o tema.
De acordo com Ana Flávia, o assédio moral e sexual contra mulheres são fatores presentes nesse meio. Enquanto os homens podem se portar da maneira que quiserem, as mulheres devem, na maior parte do tempo, se preocupar de forma excessiva com o modo de falar e de agir, afirmou a especialista. Como consequência, elas frequentemente se cobram mais no quesito produtividade nas empresas. Ana avalia que é comum mulheres trabalharem mais para provar o próprio potencial.
— Quando as mulheres ganham mais, existe um forte preconceito. Ela vai receber mais do que o homem se for melhor, o que acontece na maioria das vezes. Mas eles não encaram isso muito bem, ficam muito chateados.
Patrícia apresentou alguns dados e trouxe uma reflexão sobre o fato de mulheres viverem mais que os homens (cerca de oito anos) e investirem menos. Para ela, é preciso realizar um planejamento profissional e pessoal, para que a mulher tenha pleno domínio de suas ações caso queira, por exemplo, conciliar a criação de filhos com a carreira.
A estudante Maria Eduarda Lima, que está no terceiro período do curso de Direito e participa da Liga de Mercado Financeiro (LMF) da Universidade, ajudou a promover o encontro ao notar o déficit de mulheres dentro da própria LMF. Das 186 pessoas inscritas nos processos seletivos de 2017, apenas 31 eram mulheres. Para ela, esse quadro pode ser transformado.
— Percebemos que poucas mulheres estão inseridas no Mercado, os números ainda são pequenos. Iniciativas que estimulem a participação da mulher refletem no processo seletivo e na composição da Liga, em que poucas mulheres se inscrevem, e consequentemente no mercado de trabalho. Ações como essa podem inspirar pessoas e mostrar que é possível, é importante mulheres preencherem todos os espaços.
Para a coordenadora do Departamento de Economia, Nazareth Maciel, trabalhar no mercado financeiro é como trabalhar em qualquer outra função, e a tarefa pode ser executada por homens e mulheres, sem distinção.
— Muitas mulheres partem do princípio de que não vão conseguir atuar no meio, elas têm que tirar isso da cabeça. Existe uma ideia mercadológica de que o Mercado requer agressividade. Números, dinheiro, isso tradicionalmente ficava sob responsabilidade masculina. Mas no século passado, ou antes. Hoje, as mulheres são gerentes dos seus recursos. Dentista pode ser homem ou mulher, por que no ramo financeiro isso seria diferente?
O Processo Seletivo da Liga de Mercado Financeiro da PUC-Rio vai até o dia 3 de abril, para alunos de todos os cursos e períodos. As inscrições podem ser feitas por meio do formulário: https://goo.gl/forms/yMyK2EcL6rg9gjrs1