Em assembleia realizada na quinta-feira, 9, alunos da PUC-Rio decidiram aderir à paralisação em solidariedade às universidades federais que sofreram congelamentos de orçamento. A reunião, realizada pelo DCE Raul Amaro, debateu e votou a participação do alunato da Universidade na greve nacional contra os cortes na educação no dia 15. Os estudantes também destacaram o desmonte educacional.
No dia 3, o Ministério da Educação (MEC) anunciou um corte de 30% no orçamento das despesas e investimentos às universidades federais. Segundo dados obtidos no Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento do Governo (Siop), estima-se que as universidades deixarão de receber um total de R$ 5,7 bilhões. No ensino básico foram R$ 680 milhões congelados. Bolsas de pós-graduação (Capes) e de mestrado (CNPq) também foram cortadas.
O aluno de direito e um dos integrantes da atual gestão do DCE, Rodrigo Abreu, de 25 anos, ressaltou a importância de o corpo discente da PUC-Rio participar da paralisação por conta do papel combativo e acolhedor que a Universidade teve na época da ditadura militar. Ele também destacou que o apoio da PUC é uma questão de solidariedade.
- Queremos lembrar o papel da PUC na ditadura militar, que tem semelhanças com o momento atual. Vários professores das universidades federais foram expulsos, vieram para a PUC e se uniram com o movimento estudantil que existia. A queda da ditadura militar, mesmo tendo durado tanto, foi acelerada pelo papel da PUC-Rio e da PUC-SP. Nesse momento em que os sindicatos dos professores e os DCEs de várias universidades se uniram para realizar paralisações, a presença da PUC é para mostrar que estamos juntos e que não vamos deixar que nossos direitos sejam capturados.
Abreu se referia ao protesto organizado por alunos da Universidade há 42 anos. No dia 10 de maio de 1977, a PUC-Rio dava vida à uma das mais importantes manifestações estudantis daquela década. Cerca de 7 mil pessoas ocuparam o campus da Gávea para reivindicar, além de condições mais aprazíveis de ensino, a redemocratização do país. Forças policiais isolaram a área e helicópteros sobrevoaram o campus contra a manifestação.
Para o dia 15, o DCE programa uma série de atividades no campus, na parte da manhã, para incentivar os alunos a irem juntos, à tarde, para a manifestação na Candelária, no Centro.
A estudante de Ciências Sociais Júlia Thurler, de 19 anos, ressaltou que a medida tomada pelo MEC afeta não só os alunos da rede pública, mas também o alunato da PUC-Rio. Por isso, comentou, é fundamental um posicionamento dos alunos da Universidade.
- Temos que lembrar que PUC não é uma bolha na qual as coisas não acontecem aqui dentro. Ela está inserida na política nacional e ela tem um papel fundamental quando ela apoia ou não uma paralisação que diz respeito à educação.
Outra pauta da reunião foi o corte linear de 20% das bolsas institucionais da PUC-Rio anunciado no dia 2 pela Vice-Reitoria Comunitária. O decréscimo será ativado a partir do mês de julho. As bolsas institucionais são as consideradas não obrigatórias e concedidas em situações excepcionais, conforme disponibilidade orçamentária da instituição. De acordo com a Vice-Reitoria Comunitária, todos os alunos bolsistas do tipo institucional são informados, no início da vigência da bolsa, que ela pode ser suspensa a qualquer tempo ou mesmo sofrer redução, mediante aviso prévio.
As bolsas PROUNI, as previstas na lei da filantropia, as decorrentes de acordos sindicais, e as Bolsas PUC de forma geral, concedidas a partir de avaliação socioeconômica, não são classificadas como bolsas institucionais.