Um vazamento de esgoto causa sujeira, altera cor da água e provoca mau cheiro no Rio Rainha, que nasce no Maciço da Tijuca, atravessa a Gávea, deságua no canal da Avenida Visconde de Albuquerque com destino final na praia do Leblon. Segundo o professor Renato Carreira, do Departamento de Engenharia Química da PUC-Rio e conselheiro do Núcleo Interdisciplinar de Meio Ambiente (NIMA) da PUC-Rio, há três vazamentos na Travessa Madre Jacinta, que fica atrás do campus da PUC-Rio.
O esgoto cai na rede pluvial por meio de canos que desembocam no rio para aliviar fortes volumes de chuva. O NIMA apurou que o despejo de dejetos não vem de nenhuma tubulação do interior do campus. A prefeitura do campus da PUC-Rio entrou em contato com a CEDAE mais de uma vez, mas ainda não obteve um retorno da companhia.
- O vazamento é de esgoto bruto. É um entupimento da rede de esgoto da CEDAE, que certamente tem relação com as fortes chuvas que levaram muitos resíduos para essa tubulação de esgoto – afirmou Carreira.
Moradores e funcionários relatam que o vazamento ocorre há mais de dois meses e a situação já esteve pior, dificultou até a passagem de pedestres pela rua. Segundo Vinícius Linhares, segurança da Travessa Madre Jacinta, qualquer chuva faz a tampa do bueiro sair do lugar.
- Com qualquer chuvinha esse tampão (localizado na esquina da Travessa Madre Jacinta com Rua Marquês de São Vicente) sai do lugar. Uma árvore quebrou a manilha, mas não foi só a árvore. Acho que, quando choveu, esse tampão ficou aberto e caiu paralelepípedo dentro. Existem mais dois vazamentos na Rua Marquês de São Vicente. Os moradores já fizeram muitas ligações para CEDAE e a Prefeitura do Rio.
A CEDAE esteve na Rua Marquês de São Vicente na tarde desta terça-feira, 14, com um caminhão de vácuo para desentupir a fossa. De acordo com o professor do Departamento de Engenharia Química, essa medida é paliativa. Carreira observa que empresas privadas não podem fazer a limpeza do local pois, como a tubulação do esgoto é na rua, somente a CEDAE realiza esse trabalho.
O NIMA informou que ainda não foi feita uma medição da qualidade da água do rio para aferir a quantidade de esgoto que foi despejado. Segundo Carreira, dependendo da quantidade de resíduo, a de oxigênio pode ficar muito reduzida e prejudicar a vida da flora e fauna.
- É uma situação aguda, crônica, um volume enorme de vazamento. Se o vazamento parar, o rio, pelo próprio fluxo, vai se recuperando naturalmente ao longo dos dias. O que preocupa é o acúmulo maior de resíduo de esgoto acumulado no sedimento, nas margens que deve demorar mais tempo para se decompor.