O Caso Escola Base
27/08/2019 18:22
Mariana Albuquerque

Jornalista Emilio Coutinho comenta os bastidores da produção do livro sobre o Caso Escola Base  

Jornalista Emilio Coutinho fala sobre o Caso Escola Base. Foto: Amanda Dutra.

Escola Base - onde e como estão os protagonistas do maior crime da imprensa brasileira é o título do livro do jornalista Emilio Coutinho, que participou de bate-papo no dia 22 de agosto na PUC-Rio. No encontro, o autor relembrou o caso, contou o que o motivou a pesquisar sobre o tema e como foram os bastidores para escrever o livro.  

Coutinho relembrou o caso, que ocorreu em São Paulo, em 1994, quando duas mães denunciaram os proprietários da Escola Base, onde os filhos estudavam, por abuso sexual. Na época, o caso ganhou repercussão nacional. Posteriormente, a polícia comprovou que a denúncia era falsa, e o caso foi arquivado por falta de provas. Mas, segundo ele, a vida das vítimas foi destruída.

A vontade de saber o que aconteceu com as pessoas envolvidas motivou o estudo já no primeiro semestre de faculdade de Coutinho. O tema se tornou o trabalho de conclusão no curso de Jornalismo (TCC). As pesquisas começaram em 2012, e o livro foi publicado em 2016. Segundo o autor, as buscas começaram, primeiro, na internet, nas bibliotecas e nas redações de jornais para pegar o histórico do caso. Ele explicou a tática que usou para falar com os envolvidos no caso, pois, a maioria, não queria contato com a imprensa. 

- Eu me apresentava como estudante de jornalismo, porque apesar de estar fazendo um trabalho jornalístico, ainda não tinha diploma. Falava que era um trabalho de conclusão de curso, mas queria que se transformasse em um livro.  Mesmo assim, passei por momentos de tensão, com ameaças de morte, e algumas testemunhas preferiram não comentar o caso, pois, para elas, era uma página virada.

Livro Escola Base. Foto: Amanda Dutra.

Nas pesquisas de rua, Coutinho encontrou opiniões diferentes sobre o caso. Ele foi ao local da antiga escola, mas um condomínio foi construído no terreno. O jornalista resolveu entrevistar os vizinhos que, mesmo 20 anos depois, tinham medo de falar. Mas, segundo ele, a maioria dos entrevistados neste local não acreditava que o crime tivesse ocorrido. Porém, ao entrevistar vizinhos da professora e do motorista denunciados, eles afirmaram que os envolvidos eram culpados, pois confiavam no que a imprensa mostrou. 

Emilio relatou que, na época das pesquisas, os envolvidos no caso estavam com problemas psicológicos e financeiros. E, apesar de terem recebido parte do dinheiro da indenização, para eles, nada traria de volta a vida e a dignidade.

Um novo livro, com previsão de lançamento para o fim deste ano, está sendo escrito por Coutinho. A obra terá como tema os jornalistas envolvidos no caso Escola Base. 

- Acho interessante trazer a voz dos jornalistas que fizeram a cobertura, para saber se eles consideram que houve um erro, talvez um descuido. Queria saber quais as sensações que eles têm hoje em dia. Até agora, entrevistei mais de 14 jornalistas.

Emilio ressaltou a importância de conversar com as pessoas olho a olho, ouvir sempre os dois lados da história e aprender com os erros cometidos.

- Nós, como imprensa, devemos ouvir vários lados, não um somente ou a voz principal. Temos que desconfiar. Infelizmente, nós, jornalistas, ou qualquer profissão, estamos factíveis ao erro. Pode ser que erremos, mas temos que aprender também com esses erros. 

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