Metodologias de Escuta
12/11/2019 17:10
Tatiana Abreu

Encontro debate os resultados da prática da metodologia de escuta praticada a partir de fotografias com crianças.

Exposição Contrastes. Foto: Amanda Dutra.

A exposição Contrastes: Infância e Cidade - Metodologias de Escuta ocorreu no dia 24 de outubro no Colégio São Marcelo para debater os resultados desta metodologia de escuta praticada pelo Centro Internacional de Estudos e Pesquisas sobre a Infância - CIESPI/ PUC-Rio. A proposta tem como ponto de partida fotografias que compõem a exposição Crianças no Rio de Janeiro: Contrastes, realizada com duas escolas públicas - Escola Municipal Luís Delfino e Espaço de Desenvolvimento Infantil Júlia Kubitschek -, e uma creche comunitária, Ação Social Padre Anchieta (ASPA), parceiras institucionais em diferentes projetos e ações.

O seminário foi organizado para refletir sobre os resultados obtidos até o momento com o Projeto, que é uma continuidade dos trabalhos desenvolvidos pelo CIESPI/PUC-Rio e a University College de Østfold, na Noruega. Participaram da discussão, educadores da ASPA; representantes da Escola Luís Delfino; o pesquisador norueguês, Trond Heitmann; entre outros parceiros de creches e escolas do Rio de Janeiro.

Exposição Contrastes. Foto: Amanda Dutra.

As oficinas de desenho, brincadeiras e narrativas, nas escolas, foram propostas como um espaço para ouvir e evidenciar as perspectivas dos alunos em relação aos ambientes da cidade e aos lugares onde habitam e transitam. Os pesquisadores criaram fotos com silhuetas de crianças que foram retiradas do cenário onde elas circulam e mostraram estas imagens a outras crianças. A partir do contato com esse material, cerca de 400 alunos, entre 4 e 13 anos, foram instigados a criar desenhos e brincadeiras.

Segundo os pesquisadores, o resultado do processo de criação dessas crianças é fundamental para a efetivação de políticas públicas que priorizem os aspectos necessários para que a infância seja vivida de forma plena.  O desenvolvimento de metodologias de escuta e participação, apontam os professores envolvidos no projeto, busca avançar na criação de espaços democráticos de interação. Pesquisadora do CIESPI/ PUC-Rio, Cristina Porto explica que este é um dispositivo para que a criança fale do jeito dela, sem a condução de um adulto.

- Somos (CIESPI) integrantes de uma rede que se chama rede nacional de primeira infância que está sempre interessada em criar e descobrir metodologias de escuta de crianças para que as políticas públicas incorporem o olhar da criança para os assuntos que tenham a ver com elas.

Pesquisadora Cristina Porto. Foto: Amanda Dutra.

O projeto do CIESPI também engloba a Escola Parque, na Gávea, e, de acordo com Cristina, o estudo mostrou que, na escola particular, os desenhos têm muita semelhança com os produzidos na Luís Delfino pela natureza, pelo espaço e pelas brincadeiras, temas recorrentes nos dois universos. Os pesquisadores promoveram um encontro das crianças dos dois colégios e, segundo Cristina, os pontos em comum foram muitos.

- Foi muito bacana, é uma aproximação que naturalmente não acontece pelo próprio jeito de viver das pessoas na cidade. Na Luis Delfino, as crianças se identificam totalmente porque também pulam lage, tomam banho na caixa d’água. Na Escola Parque, um menino bolsista disse ‘ai, eu moro ali’, ele se reconheceu na fotografia e, no final, disse:  ‘Foi o melhor dia da escola’. É uma integração de realidades diferentes.

A parceria com a Noruega existe desde o início do projeto. No país, a experiência é feita em uma escola pública de um país desenvolvido, mas a diversidade na composição dos alunos existe porque há muitos imigrantes. O antropólogo e pesquisador Trond Heitmann explica que o novo currículo, que será implantado nas escolas da Noruega em 2020, terá um enfoque maior nas questões de democracia e cidadania.

Antropólogo Trond Heitmann. Foto: Amanda Dutra.

De acordo com Heitmann, por ser uma ideia nova, os professores e pesquisadores não sabiam como implantar o novo método e optaram por adaptar a metodologia de escuta para o contexto norueguês.

- O contexto brasileiro e o norueguês são muito diferentes, mas também têm aspectos iguais na infância. Por isso, nós, pesquisadores, usamos essa metodologia para encontrar semelhanças e diferenças para entender os contrastes sociais.

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