Educação mais integral e sistêmica
08/11/2021 16:00
Gabriel Meirelles

Reitor da PUC-Rio participa de debate sobre a importância das universidades na formação de uma sociedade

Foto: Mahdis-Mousavi/Unsplash

O Reitor da PUC-Rio, padre Josafá Carlos de Siqueira, S.J., participou de um simpósio sobre o papel das universidades no desenvolvimento científico, tecnológico e social no dia 23 de outubro. Organizada pela Academia Fides et Ratio, da Arquidiocese do Rio de Janeiro, a conferência virtual faz parte de uma série de discussões realizadas para comemorar o aniversário de dez anos da Academia. Até o final do ano, terão sido promovidas 16 lives sobre diferentes temas, todas mediadas pelo presidente da Academia, padre Aníbal Gil Lopes. Participaram, também deste debate, a Reitora da UFRJ, professora Denise Pires de Carvalho, e o ex-presidente da Finep, professor Wanderley de Souza.

Padre Josafá defendeu uma educação sistêmica, com a integração das diferentes áreas do saber, e a fusão de alguns programas. Segundo o Reitor, o mundo exige do profissional o conhecimento não apenas de sua especialidade, mas também das realidades sociais nas escalas local e global, e, por isso, esta junção prepara os estudantes para o mercado de trabalho. Para o sacerdote, a pandemia trouxe a reflexão acerca da metodologia de ensino e a relação entre aulas presenciais e on-line, já que o formato à distância se tornou uma possibilidade a ser explorada pela área da educação.

– O modelo digital veio realmente para ficar, e nós precisamos buscar uma adaptação entre o presencial e o remoto. Ao mesmo tempo, toda a metodologia de ensino dentro da universidade deve ser repensada, adequando-se realmente às demandas das novas gerações de jovens. Os programas não podem ser muito departamentarizados, individualizados. Nós temos que unir forças para dar uma formação mais integral e sistêmica para os nossos alunos agora e no futuro.

Reitor da PUC-Rio, padre Josafá Carlos de Siqueira, S.J.

Além do diálogo permanente entre os saberes, padre Josafá considera fundamentais outros três valores universitários para o desenvolvimento científico, tecnológico e social: pertencimento institucional, excelência acadêmica e solidariedade. O Reitor resgatou alguns pensamentos do fundador da PUC-Rio, padre Leonel Franca, S.J., que enxergava a universidade como depositária das tradições intelectuais de um povo e de uma pátria da ciência. Baseado nestes ensinamentos e na mentalidade de seu antecessor, padre Josafá acredita que as universidades brasileiras são imprescindíveis para o desenvolvimento do país.

– A universidade é a única instituição da sociedade onde as diferentes racionalidades convivem dentro de espaços geográficos distintos com o intuito de formar pessoas, disseminar saberes, produzir cultura e realizar inúmeras ações sociais. Nossa razão de ser é servir à sociedade, atender a suas demandas, ajudar no processo de humanização e tentar dar soluções para os problemas mais emergenciais.

A professora Denise de Carvalho abordou a produção das universidades brasileiras sobre a Covid-19 e apresentou alguns trabalhos desenvolvidos pela UFRJ a respeito do coronavírus, como a formação do Comitê Coronavírus, em fevereiro de 2020. Segunda ela, as universidades federais beneficiaram mais de 40 milhões de pessoas diretamente em ações contra a doença. De acordo com a plataforma científica Dimensions, de outubro do ano passado, o Brasil é o 11º país com mais publicações sobre a Covid-19. Por outro lado, a Reitora da UFRJ criticou o baixo número de novos doutores no país. Apenas 0,2% da população brasileira possui doutorado, enquanto que a média entre os países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento (OCDE) é de 1,1%.

– Há quem diga que o Brasil não precisa formar 25 mil doutores por ano e nem 60 mil mestres, mas não é verdade. Vejam: os EUA têm uma população um pouco maior que a brasileira, mas forma 180 mil doutores e mais de 800 mil mestres a cada ano. Obviamente, os EUA são uma potência econômica porque têm esta capacidade da rede de ensino, tanto no nível básico quanto no nível superior, formando este número de mestres e doutores.

Reitora da UFRJ, professora Denise Pires de Carvalho

O ex-Reitor da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), Wanderley de Souza, disse estar preocupado com a baixa entrada de jovens na pós-graduação. Segundo ele, a desmotivação da juventude ocorre devido à maior atratividade financeira do mercado de trabalho, em comparação com a carreira de pesquisador. De acordo com o professor, o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) disponibilizou R$4,5 bilhões em 2013. No ano passado, no entanto, a verba foi de apenas R$1 bilhão. Para o ex-presidente da Finep, isto diminui o valor das bolsas científicas e o potencial de crescimento do Brasil, já que os estudantes qualificados e interessados na carreira de pesquisador são atraídos cada vez mais para o exterior.

– Os nossos melhores alunos de pós-doutorado estão evadindo, e nós não temos elementos para segurá-los, face ao valor destas bolsas. Não adianta vir recursos para compra de novos equipamentos, para fazer os projetos de pesquisa, se nós não pudermos contar com uma equipe de jovens motivados e com uma perspectiva de continuidade de sua atividade no sistema de ciência e tecnologia.

Ex-Reitor da UENF e ex-presidente da Finep, professor Wanderley de Souza

O simpósio está disponível na íntegra no canal no Youtube da WebTV Redentor. Para assistir, clique aqui.

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