Orixás em cena
10/12/2008 20:00
Carlos Heitor Monteiro / Fotos: Isabela Maia

Os orixás marcaram presença nos pilotis da PUC-Rio durante a Semana da Consciência Negra.

No dia 18 de novembro, as danças de orixás tomaram conta dos pilotis do Edifício da Amizade. A convite do Círculo de Estudo para Diálogo Inter-Religioso da PUC-Rio, dançarinos e músicos do Centro Cultural Ojise Non apresentaram danças e toques de atabaque relacionados às divindades cultuadas nas religiões de matrizes afro-brasileiras, além de cantigas que narram passagens de suas vidas. Além de alunos, professores e funcionários, estavam presentes pais e mães-de-santo de umbanda e de candomblé. “A Universidade está aberta a essas manifestações inter-religiosas. O espírito ecumênico da PUC está cada vez mais claro”, ressaltou o Vice-Reitor Comunitário, Augusto Sampaio.

 

Criado em maio desse ano, o Círculo de Estudo para Diálogo Inter-Religioso é composto por pessoas de diferentes religiões, que se reúnem quinzenalmente. “O grupo de pessoas que tem uma visão transcendente à visão materialista é maioria na PUC. Não queremos mudar convicções culturais e religiosas, mas dialogar com humildade e sem proselitismo”, afirmou Sérgio Bonato, professor do Departamento de Comunicação Social e um dos membros do grupo.

 

 

No candomblé, as cantigas são acompanhadas por um conjunto de três atabaques. O maior chama-se rum; o do meio, rumpi; e o menor, . Tocando o run, Rodrigo de Xangô liderou o toque. “O run conduz a dança do orixá, enquanto os outros dois sustentam o toque. Cada orixá tem um ritmo e cadência específicos”, explicou Rodrigo, que faz parte do Centro Cultural Ojise Non.

 

 

Os toques podem ser feitos com as mãos ou com varetas, que se chamam akidavi.

 

 

O mestre de cerimônias do encontro foi Rubens Coelho, aluno de Publicidade da PUC-Rio e membro do terreiro de candomblé Ilê Axé Oshum Apará. Enquanto os dançarinos encenavam as danças dos orixás, Rubens contava histórias de suas vidas, como a de Omulu (na foto, à esquerda) e sua mãe, Nanã (à direita). Segundo Rubens, Nanã abandonou Omulu na beira do rio, por ele ter nascido coberto de chagas. Depois, Iemanjá o encontrou e tornou-se sua mãe adotiva. Na foto, os dançarinos representam o reencontro de Omulu e Nanã.

 

 

Xangô, orixá da justiça, é coroado por Iansã, dona dos ventos. No sincretismo religioso com a Igreja Católica, Xangô é associado a São Jerônimo e a São João Batista, enquanto Iansã é representada por Santa Bárbara.

 

 

Com a dança, o orixá Ogum demonstra suas habilidades de guerra. O sincretismo associa Ogum a São Jorge.

 

 

Na platéia, também estavam presentes pais e mães-de-santo de umbanda e de candomblé. Na foto, mãe Beata de Iemanjá saúda Ogum. Mãe Beata é a mãe-de-santo do Ilê Omiojuaro, terreiro localizado em Nova Iguaçu, cujo nome significa “Casa das Águas dos Olhos de Oxossi”.

 

 

“Ofereço minha bênção a todos, e também quero ser abençoada por vocês”. Com essas palavras, mãe Beata iniciou seu discurso, em que agradeceu aos dirigentes da PUC e a todos os presentes. “Se não houver essa união e diálogo, nada estará certo. Foi para isso que Olorum nos mandou para cá, para haver amor e dedicação uns com os outros. Tudo isso que está acontecendo não é nada mais do que a dinâmica e as artimanhas de Exu, o deus da comunicação”, disse.

 

 

Representação de Iemanjá, orixá que rege as águas salgadas.

 

 

Representação de Oxum, orixá ligada aos rios e às cachoeiras.

 

 

No sincretismo religioso, Oxum é relacionada a Nossa Senhora da Conceição.

 

 

Edição 211

 

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