Em homenagem aos 100 anos de Mario Quintana, que se completariam no dia 30 de julho, a PUC-Rio recebeu dois outros poetas que conheceram o artista, o professor Gilberto Mendonça Teles, do Departamento de Letras, e Lêdo Ivo, membro da Academia Brasileira de Letras. A palestra, seguida de um debate, foi realizada pelo Centro de Teologia e Ciências Humanas (CTCH), na tarde do dia 21 de agosto, no Auditório Padre Anchieta.
– O que marca um poeta digno deste nome é o selo da individualidade, da personalidade nítida, de modo que cada poeta deve ser diferente de outro. Poesia não é repetição, é criação, é invenção. Exatamente por isto, Mario Quintana tem um território e um humor que são só dele. Ele surge com uma arte própria de fazer poema, tanto rimados, metrificados, como aqueles de vários metros ou em prosa, argumentou.
Na década de 40, veio a primeira tentativa frustrada de entrar para a Academia Brasileira de Letras, sucedida por outras duas. Mais tarde, a instituição quis tê-lo como membro, mas ele recusou. Os palestrantes apontaram o estilo inocente de Quintana como um dos fatores responsáveis pelas três derrotas.
"Nada melhor do que ler a obra de um poeta para homenageá-lo": esta lição Mendonça Teles aprendeu em um almoço com Mario Quintana, na década de 80, após uma conferência, da qual ambos participaram. Um não conhecia o outro pessoalmente e, segundo Mendonça Teles, quando interrogado sobre poesia, o discreto e tímido homem calava-se ou desconversava.
– Ele soube construir uma linguagem que qualquer pessoa, mesmo analfabeta, pode ler. Mario Quintana traz um discurso novo-velho. Ele faz o velho ficar novo e popular. A sua maneira de dizer é tão simples que todos gostam dos seus poemas, resumiu Mendonça Teles.
Em 1994, morre Mario Quintana, aos 87 anos.
Edição 175