Centenário de Mario Quintana e reencontro de velhos amigos
21/09/2006 17:00
Clarice Tenório / Foto: Filipe Fittipaldi

O poeta Mario Quintana completaria 100 anos no dia 30 de julho de 2006. Para homenagear e relembrar a trajetória do homem que, através de “uma arte própria de fazer poema”, chamou a atenção, nada melhor do que outros dois poetas. Lêdo Ivo, membro da Academia Brasileira de Letras, e Gilberto Merdonça Teles, do Departamento de Letras, palestraram no dia 21 de agosto, a convite do Centro de Teologia e Ciências Humanas (CTCH). Eles falaram um pouco do que conheceram do artista, já que ambos tiveram em contato direto com o gaúcho.

Em homenagem aos 100 anos de Mario Quintana, que se completariam no dia 30 de julho, a PUC-Rio recebeu dois outros poetas que conheceram o artista, o professor Gilberto Mendonça Teles, do Departamento de Letras, e Lêdo Ivo, membro da Academia Brasileira de Letras. A palestra, seguida de um debate, foi realizada pelo Centro de Teologia e Ciências Humanas (CTCH), na tarde do dia 21 de agosto, no Auditório Padre Anchieta.

Gilberto Mendonça Teles e Ledo Ivo relembram a vida do poeta
Mario Quintana nasceu em Alegrete, no Rio Grande do Sul, em 1906. Aos 19 anos mudou para Porto Alegre, onde morou a maior parte de sua vida. Desde cedo, produziu e publicou textos em jornais e revistas. O poeta foi muito criticado pelos modernistas, após a publicação de seu primeiro livro, de sonetos, A Rua dos Cataventos, em 1940. Após a Semana de Arte Moderna, em 1922, versos metrificados eram vistos como simbolismo retardatário e indiferente ao movimento. Lêdo Ivo não concorda com a crítica.

– O que marca um poeta digno deste nome é o selo da individualidade, da personalidade nítida, de modo que cada poeta deve ser diferente de outro. Poesia não é repetição, é criação, é invenção. Exatamente por isto, Mario Quintana tem um território e um humor que são só dele. Ele surge com uma arte própria de fazer poema, tanto rimados, metrificados, como aqueles de vários metros ou em prosa, argumentou.

Na década de 40, veio a primeira tentativa frustrada de entrar para a Academia Brasileira de Letras, sucedida por outras duas. Mais tarde, a instituição quis tê-lo como membro, mas ele recusou. Os palestrantes apontaram o estilo inocente de Quintana como um dos fatores responsáveis pelas três derrotas.

"Nada melhor do que ler a obra de um poeta para homenageá-lo": esta lição Mendonça Teles aprendeu em um almoço com Mario Quintana, na década de 80, após uma conferência, da qual ambos participaram. Um não conhecia o outro pessoalmente e, segundo Mendonça Teles, quando interrogado sobre poesia, o discreto e tímido homem calava-se ou desconversava.

– Ele soube construir uma linguagem que qualquer pessoa, mesmo analfabeta, pode ler. Mario Quintana traz um discurso novo-velho. Ele faz o velho ficar novo e popular. A sua maneira de dizer é tão simples que todos gostam dos seus poemas, resumiu Mendonça Teles.

Em 1994, morre Mario Quintana, aos 87 anos.

Edição 175