Conter a dengue em morros, favelas e ruas estreitas é uma tarefa complicada, uma vez que os carros de fumacê que espalham inseticida não chegam nesses lugares. Pensando nisso, a Ativa, empresa incubada pelo Instituto Gênesis da PUC-Rio, desenvolveu um projeto inovador: o motofumacê. O objetivo do invento é levar pesticida a estes locais de risco para exterminar o Aedes aegypti, o que é feito em parceria com a Fumajet Bugges. Além do aparelho, também são disponibilizados manuais de instrução e roupas especiais.
O projeto foi idealizado em 1999 pelo empresário Cícero Costa, mas foi colocado em prática somente seis anos depois, pelo também empresário Marcius Costa. Diante da necessidade de se criar maneiras que ajudassem a prevenir surtos de dengue em municípios e áreas urbanas carentes, Cícero Costas desenvolveu o motofumacê, que unia a tecnologia já utilizada em caminhões e aviões à praticidade e economia da moto. Quando comparado ao caminhão, o invento significa uma redução de 300% nos custos por hora, o kit é 74% mais barato do que o regular e a operação é 78% menos poluente. Além disso, o custo operacional é baixo, pois basta uma pessoa operando, e o motofumacê não usa gasolina, pois seu sistema é elétrico.
Segundo Marcius Costa, o projeto é inovador porque consegue unir praticidade, eficiência e economia.
– Tanto é que conseguimos levar a ideia a cidades de São Paulo, Goiás e Bahia. Produzimos todo o equipamento aqui no (Rio de Janeiro) e levamos até lá. Acho interessante que outros estados adotem o motofumacê porque a epidemia da dengue é uma realidade em várias cidades, especialmente nas do nordeste.
A tecnologia utilizada no produto é a termonebulização com aquecimento, um dos meios mais eficazes de aplicação em inseticida. O óleo mineral, que é usado como veículo do veneno, atinge o ponto de ebulição ao sair do estado líquido e se transformando na fumaça. Isso acontece por conta do aquecimento do motor da moto quando ela é ligada. O fumacê conduz o remédio em partículas microscópicas entre cinco e quinze micras (um micron equivale a 1/25.000.000 polegadas), que são espelhadas pelo ar. Desta forma, mais partículas contendo inseticida penetram em arbustos e esconderijos de mosquitos.
O desenvolvimento do motofumacê, que fica por conta da Ativa, tem duas partes, a mecânica e elétrica. Na mecânica, foi confeccionado um molde com formato de baú para armazenar o tanque e a central de controle. O escapamento utilizado é padronizado de acordo com o modelo da moto, e, como grande parte da tecnologia funciona dentro dele, as adaptações necessárias são feitas pela Fumajet, responsável pela comercialização do produto. A parte elétrica tem como peça principal a bomba de centrífuga de injeção, que, apesar de ser importada, é facilmente encontrada em distribuidoras nacionais.
A Ativa é incubada pelo Instituto Gênesis desde março de 2006, e a previsão é que deixe as dependências da incubadora em três meses. O Instituto auxilia a empresa com instalações (salas, auditórios), serviços de orientação, que compreende assistência em áreas jurídicas, de informação e comunicação, além de criar recursos e fazer ligações com redes e associações. A Incubadora Tecnológica, responsável pela Ativa, foi inaugurada em 1997, e, desde então, recebeu 40 prêmios de excelência nos resultados obtidos pelas incubadas.
Edição 215