PUC-Rio sedia Conferência Nacional de CT&I
26/04/2024 18:01
Eduardo Gomes

Evento traz contribuições para encontro no Brasil, em junho

O professor Marco Cremona destaca o papel das Instituições Comunitárias de Ensino Superior no debate sobre CT&I no país. Foto: Matheus Santos

A contribuição das instituições comunitárias para a ciência, a tecnologia e a extensão foi o tema central da conferência livre realizada na PUC-Rio, no dia 19 de abril, como parte dos encontros preparatórios para a 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, que ocorrerá no início de junho, em Brasília. As reuniões têm o objetivo de abrir espaço ao diálogo entre diferentes setores da sociedade para a elaboração de ideias, propostas e reflexões sobre o futuro das três áreas no Brasil. As conferências  livres serão  realizadas por todo o país até o final deste mês. 

Na Universidade, os debates trataram de temas como transição energética, saúde, meio ambiente, inclusão de minorias em pesquisas científicas e a importância da extensão universitária. Um dos organizadores da conferência, o professor Marco Cremona, do Departamento de Física, junto com o Decano do CTC professor Sidnei Paciornik, afirmou que a reunião é uma demonstração de como as Instituições Comunitárias de Ensino Superior podem ter um papel essencial para o debate sobre CT&I no país. O professor fará parte do grupo responsável por reunir os pontos debatidos no evento em um relatório padronizado que será enviado para a Secretária-Geral das Conferências Nacionais.

— Esse relatório vai se juntar aos relatórios das mais de 150 conferências livres que tiveram para entrar em um documento final da Conferência Nacional que vai nortear as políticas públicas pelos próximos dez ou 20 anos. Foi fundamental ter feito essa conferência livre aqui porque faltava uma que falasse explicitamente do papel das comunidades.

A professora Dalila Andrade Oliveira, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), levantou uma reflexão sobre a falta de políticas públicas que integrem os estudantes ao setor produtivo após a conclusão dos cursos de pós-graduação. A pedagoga acredita que as universidades formam mestres e doutores, mas não incentivam a saída deles do ambiente acadêmico.

— Nós precisamos ter uma maior consciência do ponto de vista das empresas para que elas possam perceber que têm condições de assimilar essa força de trabalho bem informada. Com isso, vamos ter uma maior sinergia entre o mundo acadêmico e o mundo empresarial.

O assessor da presidência da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ), Egberto Gaspar de Moura, destacou que as listas de editais da fundação estão tendo um enfoque inclusivo para grupos de minorias sociais. Mulheres e alunos de redes públicas de ensino estão tendo oportunidade de estar mais próximos da pesquisa científica, em especial nas áreas de ciências exatas e engenharias. Gaspar de Moura afirmou que a FAPERJ também tem uma preocupação socioambiental e está aberta a parcerias com instituições de outros estados.

— Tem diversos programas relacionados à Favela Inteligente na Rocinha, por exemplo, e estamos estendendo a outras comunidades na cidade do Rio de Janeiro e outros estados. Se uma experiência foi exitosa, como no caso da Rocinha, podemos levar para outras comunidades.

O diretor do Departamento de Filosofia, Edgar Lyra, fez uma apresentação do projeto realizado pela PUC-Rio no CIEP 303 Ayrton Senna da Silva, colégio localizado no acesso à Rocinha, em São Conrado. A proposta era criar um núcleo de trabalho transdisciplinar sobre cultura digital, letramento midiático e aprendizagem escolar que identificasse linhas de ação pedagógicas promissoras para o melhor ensino no cenário pós-pandemia. O estudo mapeou o uso que alunos e professores fazem das tecnologias digitais e buscou novas formas de fazer essa ferramenta impulsionar o estudo e a pesquisa nos estudantes do Ensino Médio. Lyra compartilhou acertos e êxitos do projeto e falou que é preciso educar os jovens de maneira crítica para que tenham o melhor uso das mídias digitais.

— Todos os nossos hábitos, para onde quer que você olhe, vão ter tecnologia. Seja no remédio, seja na comida, seja no transporte. Então um dos componentes educativos mais importantes nessa construção da escola do futuro é convidar os alunos a deixarem de serem meros usuários de novas tecnologias. Eles não estão sendo preparados para entender esse ambiente tecnológico, o que esse mundo traz e do que ele precisa.

A professora da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB) Luciane Pinho de Almeida contou a história da extensão universitária brasileira e do compromisso da atividade com as demandas da sociedade. Ela afirmou que a extensão teve que se transformar para responder às inovações e necessidades de cada período em que esteve presente. Para Luciane, a extensão seria a aplicação ética do conhecimento, porque faz a ponte entre as teorias aprendidas nas faculdades e a aplicação prática para o bem-estar coletivo.

— A extensão faz um papel ético-político da universidade junto aos diversos contextos da sociedade. É a extensão que une todas as linhas da universidade, como o ensino, voltado para a formação, e a pesquisa, voltada para a produção de conhecimento.

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