As notícias falsas são como uma epidemia e existe uma produção sistemática desses conteúdos. O professor e jornalista Chico Otávio abordou esse assunto durante o Encontro Discente 2024, organizado pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação da PUC-Rio (PPGCOM). O debate reuniu pesquisadores, dos dias 24 a 26 de setembro, na sala K102, para apresentar seus trabalhos no campo da comunicação. No último dia do encontro, a mesa de encerramento teve a presença dos de Chico Otávio e da também professora e jornalista Luciana Roxo, para uma discussão sobre comunicação, desinformação e cultura democrática. Os debatedores expuseram seus pontos de vista sobre os impactos na produção jornalística e na sociedade, causados pela enorme presença de informações falsas nas redes sociais.
Chico Otávio ressaltou a importância do papel das agências fact-checking no combate às informações falsas.. O professor disse também que seguirá na luta para enfrentar o problema, mas os jornalistas não podem ficar sozinhos, pois é preciso o apoio de instituições e entidades. Como exemplo disso, ele citou uma operação recente da Polícia Federal realizada em um bunker, onde ocorria a produção de fake news.
—É bom por um lado, porque você vê a polícia atuando, em uma investigação que envolveu o Ministério Público e uma autoridade do Judiciário. O lado ruim é perceber até que ponto essas quadrilhas já estão sofisticadas, de ter um centro de produção e oferecer um pacote fechado para os políticos —explica o jornalista.
Luciana Roxo escreveu a tese de doutorado sobre desinformação e a relação dos jornalistas com as redes sociais. Ela relatou que, após o grande crescimento no uso, essas plataformas deixaram de ser um ambiente de interação pública e se tornaram um lugar de ódio e mentiras. Entre os motivos para isso, segundo a professora, está a emoção envolvida nas narrativas que circulam nas redes. Elas fazem com que o público se sinta próximo do conteúdo veiculado, ao contrário do que acontece com notícias de veículos tradicionais atualmente.
Parte desse distanciamento ocorre, de acordo com os jornalistas, pelo comportamento dos veículos após o crescimento no uso das redes sociais. Uma das conclusões foi que o aumento na reprodução de imagens amadoras à procura da velocidade da informação, teve como efeito a queda na qualidade do que é veiculado.