Integração ampla e estratégica pela sustentabilidade financeira da Universidade
27/11/2024 14:26
João Lustosa

“É preciso trazer receita, sem jamais esquecer nossa essência, nossos valores: somos reconhecidamente uma Universidade de excelência em pesquisa, ensino e extensão”

Vice-reitor Administrativo, Leonardo ressalta a importância de fomentar novos negócios. Foto: Caio Matheus

Em torno de uma elegante mesa de reunião, no primeiro andar do Frings, o professor Leonardo Lima Gomes explica para a equipe do Comunicar a importância do conceito de sustentabilidade financeira, um dos mantras do Planejamento Estratégico 2024-2030 da PUC-Rio. Ele se empenha em difundi-lo e fazê-lo vigorar pelos departamentos da Universidade. Empossado em setembro, o Vice-Reitor Administrativo não economiza entusiasmo ao falar sobre como pretende alcançar suas metas. Tem consciência de que o sucesso da empreitada depende do entendimento da proposta e do apoio da comunidade, pilares reforçados na nova gestão.

Paulista de nascimento, Leonardo foi criado em solo capixaba, onde se formou em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal do Espírito Santo. Na PUC-Rio, concluiu Mestrado e Doutorado em Engenharia de Produção, com ênfase em finanças. Começou a lecionar na Universidade em 1998, foi diretor da Escola de Negócios (IAG) por quatro anos e coordenador do Mestrado Profissional em Administração de Empresas e da Área de Finanças no IAG. À experiência acadêmica, acrescentou anos de vivência no mercado, em grandes empresas como IBM, Eletrobras e Neoenergia.

Em entrevista ao Jornal da PUC, ele detalhou as mudanças na Vice-Reitoria para Assuntos Administrativos e na Coordenação Central de Educação Continuada (CCEC). Também explicou a criação de comitês para aprimorar a gestão em diferentes áreas e esmiuçou o andamento do Plano Diretor de Sustentabilidade Financeira, ressaltando a necessidade de fomentar novos negócios e diversificar a receita. “Se estamos mais diversificados, ficamos também mais resilientes”, afirma. Mas, enfatiza Leonardo, o caráter econômico não está, de forma alguma, acima da excelência acadêmica, em pesquisa e ensino, valores que compõem a essência da Universidade, assim como a ampliação do foco na assistência social.

Como funciona a Vice-Reitoria Administrativa e como ela se estrutura?

Leonardo Lima Gomes: A Vice-Reitoria era dividida em duas diretorias: a Diretoria de Finanças e a Diretoria de RH. Além disso, havia uma Coordenação de Contabilidade, de controle. Logo de início, fizemos uma mudança, juntando a Coordenação de Contabilidade à Diretoria de Finanças, que passou a se chamar Diretoria de Finanças e Controladoria. Já a Diretoria de RH teve seu escopo ampliado. Agora é Diretoria de Pessoas e Gestão, porque começa a pensar também nas estruturas organizacionais, que não estão só ligadas às pessoas, mas à gestão e à organização das unidades. 

Em paralelo, criamos três estruturas ágeis. A primeira delas é um escritório de estudos e inteligência de negócios. Para nos sustentarmos financeiramente, é necessário entender que existem competidores e produtos. É preciso, portanto, trazer receita, sem jamais esquecer nossa essência, nossos valores, pois somos reconhecidamente uma Universidade de excelência em pesquisa, ensino e extensão. E, claro, somos reconhecidos por nossa atuação na assistência social, na concessão de bolsas. A gente quer fazer sempre mais nesta área, para gerar um impacto ainda maior na sociedade. Isso é mais do que uma vontade da gestão do Padre Anderson (Reitor da PUC-Rio) e de todos nós. Para que tudo aconteça, é imperativo trazer receita. 

Ao lado da unidade voltada aos negócios, existe uma segunda estrutura, que é a Secretaria de Governança, e um terceiro escritório, de acompanhamento do Plano Diretor de Sustentabilidade Financeira. Dentro do plano que desenvolvemos, está prevista essa pequena estrutura de trabalho, para atuar em conjunto com os departamentos no alcance das metas. Ou seja, vamos passar a fazer mais atividades, além da gestão de pessoas, contabilidade e finanças e da gestão operacional.

Que movimentos podemos destacar neste início de gestão?

Leonardo: Eu destacaria a Secretaria de Governança. Aproveitando um pouco da minha experiência em governança corporativa nos conselhos de administração, criamos uma estrutura com seis comitês. Eles tratam de vários assuntos, facilitando a administração de forma mais ampla. 

Três comitês já estão a pleno vapor. No de Finanças e Controladoria, que funciona semanalmente, tratamos de todas as questões financeiras e de contabilidade da Universidade de uma forma contínua. No de Eficiência Operativa, também semanal, procuramos entender, estudar e analisar pontos passíveis de melhoria na operação. E temos o comitê de Educação Continuada, pois a estrutura da CCEC fica dentro da Vice-Reitoria Administrativa. Este se reúne mensalmente.

Outros três comitês ainda estão por começar. O de Gestão de Pessoas terá um olhar direcionado ao desenvolvimento de um plano de carreira para os funcionários. Isso é diferente do plano de cargos e salários, que nós já temos. Queremos desenvolver e implementar um treinamento alinhado com as estratégias de recursos humanos da Universidade. Teremos ainda um comitê que vai focar na gestão da assistência social, das bolsas concedidas e de vários outros aspectos correlatos. É um pilar extremamente importante, e estou absolutamente feliz com a oportunidade de ajudar nessa área. Vamos dar uma atenção muito especial para a assistência social. Quando digo isso, reforço que esta é uma diretriz do Padre Anderson e de toda a Reitoria. 

E o último comitê será voltado a Novos Negócios. Sabemos que o mundo vai mudar cada vez mais rápido. Então, ter uma visão mais ágil e uma estrutura que se antecipe [às mudanças] é essencial. Um pouco mais à frente, vamos pensar em como incorporar o conceito de inovação aberta à gestão da Universidade.

E as mudanças na Coordenação Central de Educação Continuada (CCEC)?

Leonardo: A Educação Continuada é uma unidade extremamente importante para a Universidade e, após realizar um diagnóstico, detectamos que existe uma série de pontos passíveis de melhoria. O primeiro deles é a própria infraestrutura física. Percebemos que é possível melhorar a estrutura de trabalho na educação continuada. Haverá uma mudança física: a CCEC vai para o sétimo andar do Edifício Kennedy, com uma estrutura mais moderna e funcional. Outra novidade é que vamos integrar sua operação com a Coordenação Central de Educação à Distância (CCEAD). Serão unidades separadas e independentes, mas funcionando de forma bem integrada. 

Na nova modelagem, a CCEAD passa a ser uma estrutura de produtividade digital em que, por meio de uma estratégia diferente, vamos criar conteúdos dentro da educação digital. E a CCEC, por sua vez, é uma grande estrutura de marketing digital, vendas e parcerias com estruturas e canais de distribuição. Vamos construir, neste ambiente, três estúdios: montar a estrutura necessária para um ensino digital que vai carregar o branding e a excelência da PUC-Rio. Não é um EAD como outro qualquer. É um ensino digital moderno, mais customizado às necessidades e às trilhas dos alunos.

Como está a execução do Plano Diretor de Sustentabilidade Financeira, fruto do Planejamento Estratégico?

Leonardo: O Planejamento Estratégico é um documento amplo, que passou por vários grupos de trabalho e por todos os departamentos. É absolutamente legítimo. Ele legitima o pensamento da comunidade. Quando se assume uma função de gestão, fica mais fácil se há um plano como esse por trás. É muito mais que um pedaço de papel. É um norte, um direcionador. Cada ação proposta vira um plano de execução.

O Plano Diretor de Sustentabilidade Financeira, por exemplo, estabelece uma curva guia de melhoria da performance financeira. Essa curva vai crescendo com suavidade e, com ela, buscamos manter a sustentabilidade financeira da Universidade e mitigar alguns riscos no resultado, além de reduzir a dependência e a concentração ao redor de projetos patrocinados em determinadas indústrias. Se estamos mais diversificados, ficamos também mais resilientes. 

O Plano está muito bem aceito. A curva guia é dividida pelos departamentos, ou seja, cada um tem o compromisso com um pedaço da curva. A execução será feita em conjunto e, como falei, há uma estrutura ágil própria para trabalharmos com os departamentos nesse sentido.

O Plano Diretor vai até 2030. Está, portanto, alinhado ao Planejamento Estratégico 2024-2030. Ele representa o desenvolvimento de uma das diversas ações ali estabelecidas. Seu escopo determina incentivos para os departamentos que atingirem os objetivos. Foi desenhado com o apoio da assessoria econômica da Reitoria e da própria Reitoria. Também foi bastante discutido no âmbito dos Decanatos. É algo sério: estamos falando da sustentabilidade financeira da Universidade. Em suma, o que queremos é dar à PUC uma maior resiliência financeira, para que ela tenha mais capacidade de se ajustar e de resistir a eventuais impactos. Para que a Universidade prospere ao longo dos tempos.

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