"Não é um negócio, é paixão".
05/12/2024 12:14
Ana Beatriz Rangel

Roberto Medina visita PUC-Rio para palestra com alunos

Roberto Medina em palestra. (Foto: Matheus Santos)

O criador do Rock in Rio afirmou que mais do que sobre música, o festival é sobre o encontro de pessoas. Em palestra na PUC-Rio, Roberto Medina afirmou que se não atraísse vários estilos musicais e, consequentemente, pessoas de todas as idades, não conseguiria manter o festival de pé por 40 anos. Medina relembra que desde o início o evento contava com estilos musicais diversificados: axé, metal, funk e pop. Isso porque a marca não se manteria de pé se não agradasse a todos os públicos. O Rock in Rio é o lugar em que todos os tipos de pessoas se encontram, a música reúne essas pessoas.

– Até porque o nome da gente não se manteria de pé se não atendesse o filho e o pai. E eu consegui isso, era a família. Igual hoje, hoje tem um cara de 80 anos e uma criança de 10, é família.

Em palestra para os alunos falou um pouco sobre seu início de carreira e como foi o processo de produção da marca Rock in Rio.

– A marca é você construir essa relação no dia a dia, é devoção, se vislumbrar permanentemente. Quando acaba o Rock in Rio, fica um vazio. O que que vai ser melhor? O que é melhor? Eu preciso fazer o melhor.

O empresário contou que na época em que teve a ideia do festival, as pessoas não acreditavam no projeto, mas ele tinha certeza que seria o maior evento do mundo. O sucesso foi tamanho, que houve uma internacionalização da marca. A viagem pelo mundo começou por Portugal, em 2004, onde o evento acontece até hoje, seguido por Espanha e pelos Estados Unidos. Essa constante busca por entregar o melhor faz com que o evento se renove a cada edição e seja sempre um momento único. Roberto falou um pouco sobre novas ideias para o evento e que tais planos já estão em processo de confecção. Além de outros projetos, como o Imagine que está previsto para ser inaugurado em janeiro de 2028.

Roberto Medina. (Foto: Matheus Santos)

Medina contou uma história inédita sobre o início do RIR: para consolidar o festival ele queria apoio e divulgação da Rede Globo, para isso teve uma conversa com o chefe da Rede Globo na época, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni. Assim como a maioria das pessoas para quem apresentou, Boni não acreditou no projeto. No táxi de volta, seu estagiário comentou que o pai era dentista do Roberto Marinho e poderia falar com o empresário, se necessário. De início, Medina achou a ideia absurda, que nunca daria certo. Mas após pensar um pouco mais, pediu que o jovem ligasse para o pai. Deu mais do que certo, Medina apresentou o projeto ao Marinho, que comprou a ideia fazendo nascer assim o maior festival de música do mundo.

Roberto Medina comentou também o fato da tecnologia ser “uma praga" e como ela tem roubado a magia de viver os momentos ao vivo e a cores. As pessoas não necessariamente precisam sair de suas casas para ver o Rock in Rio, é possível assistir de qualquer tela. Mas estar ali, viver o momento ao vivo e em conjunto, para o empresário é imprescindível. "A gente precisa de gente", reforça Roberto. A experiência do festival é tão única que em nenhum outro houve venda de lama. A primeira edição do evento foi supostamente terrível, com muita chuva e muita lama. Mas o que ninguém esperava é que as pessoas iriam gostar disso. Então, para atender aos pedidos do público, colocou à venda potes com lama. A diversão foi garantida, sem sombra de dúvidas.

Roberto Medina pelo celular (Foto: Matheus Santos)

Voltado totalmente às experiências que seriam vividas, Medina ressalta que o evento é única e exclusivamente para isso, não sobre lucros. Inclusive pontuou que os artistas que marcam presença nos palcos não se importam com o dinheiro e sim com a notoriedade que o evento proporciona. Além de todo o projeto que é apresentado antes dos shows. Para ele, cativar as pessoas com os planos é o que faz os eventos funcionarem.

– Se eu tivesse que fazer um currículo eu colocaria "catador de sorrisos", não é sobre dinheiro.

Em certo momento da vida o empresário pensou em ir embora do Brasil mas foi impedido por sua ex-esposa. Segundo ela, Medina ficaria infeliz longe do Rio. Isso foi um dia antes dele desenhar a logo do RIR. Seu amor pela cidade é o combustível para que o empresário queira mais para o Rio de Janeiro, algo que vá além de Rock in Rio e Carnaval. Pensando nisso, ele começou a desenvolver o Imagine, que será um parque montado no Parque Olímpico e funcionará o ano todo – tendo a expectativa de ser o maior complexo de entretenimento da América Latina. O parque temático contará com uma montanha-russa, com efeitos especiais de luzes, fogo e água; anfiteatro para 40 mil pessoas; hub criativo com pista para patinação no gelo; Rock in Rio para sempre; resort; torre de escritórios e muito mais.

O encontro contou também com a presença de alunos de outros cursos – jornalismo e estudos de mídia. A palestra aconteceu por convite da professora Cristina Bravo. Ela  ressaltou a importância dessa troca com os estudantes. Como futuros publicitários, ouvir de alguém que tem vasta experiência no mercado de trabalho – no ramo da publicidade, mais especificamente – e saber como tudo funciona além da teoria é indispensável.

Roberto Medina e Cristina Bravo. (Foto: Matheus Santos)

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